Um erro na Carteira de Trabalho Digital prejudicou a desempregada Adeyula Barbosa, 31 anos, que teve o pedido de auxílio emergencial negado. No documento, consta que a estudante, moradora de Vila Velha, no Espírito Santo, tem dois contratos de emprego em aberto — sendo que, em um deles, ela ocupa o cargo de "presidente da República" pela Secretaria de Estado da Educação (Sedu). As informações são do portal G1.
Mãe de dois filhos, de 11 e sete anos, Adeyula está desempregada desde agosto de 2019, quando deixou de atuar como cuidadora em uma escola da rede estadual do Espírito Santo. O marido dela está trabalhando — mas, devido à crise causada pela pandemia de coronavírus, teve salário reduzido e benefícios cortados.
A estudante entrou com o pedido de auxílio emergencial para poder arcar com as despesas de casa e com as mensalidades do curso de Gestão em Recursos Humanos.
— Consultei o auxílio emergencial, fiz o cadastro no dia 7 de abril. Cerca de 20 dias depois, veio a negativa. Estava lá algo como "cidadão com emprego formal", como se eu estivesse trabalhando — explicou ao G1.
Após a negativa, ela tentou entender o que havia acontecido através da internet e descobriu o erro nos cargos:
— Comecei a pesquisar o que significavam aquelas siglas. Consegui consultar a Rais (Relação Anual de Informações Sociais), depois resolvi baixar a Carteira de Trabalho Digital, para saber se estava com o mesmo problema. Lá, estava a ocupação de "presidente da República". Fiquei espantada. Como? Uma cuidadora escolar que não tem nada a ver com o presidente da República. Não tinha lógica aquilo.
Além desse registro, há outro contrato de emprego em aberto, onde a estudante aparece como auxiliar de secretaria pela Prefeitura de Vila Velha, local em que trabalhou antes de 2019. Os erros da Carteira de Trabalho Digital têm reflexos na base de dados utilizada pelo Governo federal para definir quem pode receber o benefício.
— É uma situação cômica mas, se for olhar, é triste. Estou precisando do auxílio emergencial, mas por causa de um erro, de falta de atenção na hora de lançar o cadastro, (isso) gerou todo esse problema para a minha vida. A gente ri, mas nossa realidade é outra, dá vontade de chorar diante disso — disse.
Respostas dos órgãos responsáveis
Alcimar Candeias, superintendente de Trabalho e Emprego no Espírito Santo, afirmou que o erro foi do contratante, que neste caso é a Sedu. O problema ocorreu quando a secretaria não informou a demissão de Adeyula. Depois, equivocadamente, foi inserido o código do cargo de presidente da República na ocupação da funcionária.
Para resolver o caso, a estudante terá de procurar o setor de Recursos Humanos da Sedu. Candeias garantiu que a Superintendência do Trabalho está à disposição para ajudar.
Já a Secretaria da Educação disse que os trabalhadores são cadastrados em um sistema próprio da Sedu e que, nessa plataforma, o cargo da estudante consta como cuidadora. Mesmo assim, a secretaria afirmou que irá auxiliar a ex-servidora a corrigir o erro junto ao Ministério da Economia.
Em relação ao cargo aberto em Vila Velha, a prefeitura esclareceu que os desligamentos de 2019 foram enviados ao Ministério da Economia em 14 de abril deste ano.