A estiagem que se espalha no Rio Grande do Sul já provoca prejuízos na ordem de R$ 430 milhões. A projeção é da Defesa Civil do Estado, a partir dos dados fornecidos pelos municípios no Formulário de Informação de Desastre, entregue pelos prefeitos às equipes. Em entrevista ao Gaúcha Atualidade, o subchefe da Defesa Civil, coronel Rodrigo Dutra, alerta que a falta de chuva deve seguir até o final de fevereiro.
— Essa é a situação normal do clima no Rio Grande do Sul. O anormal foi não sofrer com a estiagem nos últimos anos — afirma, ao destacar que, em 30 anos, 3,6 mil ocorrências de estiagem foram relatadas à Defesa Civil gaúcha.
— A estiagem mais severa foi a de 2004. A última foi em 2012. O anormal foram os últimos oito verões seguidos sem falta de chuva — avalia.
Segundo Dutra, a expectativa é de que março registre volume maior de precipitação.
Cento e seis cidades do Estado notificaram o governo sobre alguma dificuldade provocada pela estiagem. Destas, 99 decretaram situação de emergência e 11 já receberam a homologação pelo governo do Estado. Já o reconhecimento pela União só foi deferido para duas cidades até agora.
De acordo com o coronel Rodrigo Dutra, o reconhecimento por parte do governo federal é mais lento em situações de estiagem do que em casos de granizo e enxurrada, devido à dificuldade de comprovar os prejuízos.
— Como as chuvas estão desorganizadas no Estado, têm municípios com perdas dentro do considerado normal e outros com danos muito grandes. Em alguns casos, municípios decretam situação de emergência e a outra cidade vizinha, por indução, também decreta. Mas quando se vai buscar esses documento para encaminhar para o Estado e a União, o município não consegue localizar esses danos — explica.
Para a Defesa Civil, mais do que a liberação de recursos, o reconhecimento pela União possibilita a condição jurídica necessária para a renegociação de dívidas, tanto das prefeituras quanto dos agricultores atingidos pela estiagem.
Empresas notificadas
A Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) determinou, na segunda-feira (4), que todas as indústrias que realizam lançamento de efluentes nas bacias dos rios dos Sinos e do Gravataí reduzam em 30% o volume. O órgão está notificando por ofício cerca de cem empresas que devem seguir essa determinação. A ordem foi motivada pela redução nos níveis dos rios, que estão abaixo do normal. Mesmo assim, a Defesa Civil garante que não há desabastecimento de água no Estado.