O rabino Henry Sobel morreu em Miami, nos Estados Unidos, na manhã desta sexta-feira (22). Segundo sua assessoria, ele não resistiu a complicações associadas a um câncer no pulmão. O sepultamento será neste domingo (24), em Nova York. Ele deixa a esposa e uma filha.
Rabino emérito da Congregação Israelita Paulista, Sobel teve forte atuação na defesa dos direitos humanos no Brasil. Quando o jornalista Vladimir Herzog foi assassinado, em 25 de outubro de 1975, o jovem rabino Sobel não engoliu a versão oficial da ditadura.
Enfrentando pressões, realizou o enterro do jornalista no centro do cemitério, se recusando a aceitar a alegação de suicídio — o que, segundo a religião judaica, o levaria a fazer o sepultamento nas margens do lugar.
Dias depois, Sobel liderou, junto com d. Paulo Evaristo Arns, então arcebispo de São Paulo, e Jaime Wright, pastor presbiteriano, o célebre ato ecumênico em homenagem a Herzog. A catedral da Sé ficou lotada e uma multidão tomou conta da praça, em um silencioso e contundente protesto contra a ditadura.
Para o rabino Michel Schlesinger, que sucedeu Sobel à frente da Congregação Israelita Paulista, Sobel foi "muito importante, fundamental na vida de tantas outras" e será lembrado especialmente por "seu papel central na redemocratização do Brasil".