Conteúdos falsos proliferam em ambientes polarizados e nos quais não há jornais para contrapor afirmações — regiões chamadas por especialistas de "desertos de notícias". Mas uma iniciativa no Brasil busca pautar o debate com base na ciência: o Projeto Comprova, uma aliança de 24 jornais brasileiros — incluindo GaúchaZH — que investiga informações enganosas e inventadas sobre políticas públicas do governo federal.
No Comprova, um time de jornalistas de vários veículos checa um conteúdo altamente compartilhado em redes sociais. Em seguida, outros veículos rechecam a investigação para haver certeza de que a apuração foi adequada. Por fim, todos os 24 veículos podem publicar a investigação.
Veja, a seguir, os boatos checados deste o último domingo (20):
Publicações que circulam em redes sociais sugerem que o vazamento de óleo em praias nordestinas tenha envolvimento de uma empresa francesa. As imagens são verdadeiras, mas foram usadas fora de contexto e levam a uma interpretação errada.
Postagem responsabiliza a companhia pelo petróleo encontrado em praias do Nordeste e cita laudo da Universidade Federal de Sergipe (UFS). Contudo, não existe hoje qualquer laudo ou documento oficial que atribua responsabilidade dos vazamentos à empresa.
É enganoso um tuíte que circula com informações sobre o andamento do programa Bolsa Família na administração de Jair Bolsonaro. Não é verdade que o governo manipula dados para dizer que haverá 13º para os beneficiários, nem que o principal objetivo do programa foi interrompido.
São enganosas as informações de um tuíte alegando que 80% das vagas deixadas pelos cubanos no Mais Médicos não foram preenchidas por brasileiros. O programa, que chegou a ter 18,3 mil médicos, conta atualmente com 15 mil profissionais. Mas a alta rotatividade dos brasileiros fez muitas cidades ficarem sem médicos.
Um post compartilhado nas redes sociais associa de forma enganosa um vídeo de um trem com dois andares de vagões com o governo Bolsonaro. As imagens são reais e de fato mostram a circulação de um trem desse tipo na ferrovia que liga Sumaré (SP) a Rondonópolis (MT), mas o investimento é privado e não ocorreu no atual governo.