O que era uma impressão dos coordenadores, se confirmou na contabilização dos votos na noite deste domingo (6), na Câmara de Vereadores. Com 100% das urnas contabilizadas, 43.754 porto-alegrenses haviam votado nas eleições dos conselheiros tutelares. O número é 173,4% superior aos 16 mil que haviam votado em 2015. O recorde em Porto Alegre é de 2004, quando 69.826 eleitores foram às urnas.
Cada uma das 10 microrregiões de Porto Alegre elegeu cinco conselheiros titulares e cinco suplentes por um mandato de quatro anos. Qualquer eleitor em dia com a Justiça Eleitoral pôde votar em até cinco nomes, e o voto contou para a microrregião em que o título eleitoral está registrado.
– Esperávamos superar o número de 2015, mas era difícil de fazer uma estimativa de quanto, porque há regiões em que pouquíssima gente comparece e outras em que os mesários mal conseguiam ir ao banheiro – contou Roberta Gomes Mota, presidente do Conselho Municipal de Direito da Criança e do Adolescente (CMDCA), uma das coordenadoras do pleito.
Especialmente pelo domingo chuvoso na Capital, o resultado foi considerado surpreendente e animador pelos coordenadores. Entre os candidatos, que acompanhavam a apuração nos telões da Câmara de Vereadores, o bom número de eleitores é atribuído a dois fatores: o crescimento das campanhas via redes sociais e forte atuação das igrejas evangélicas.
– É um movimento de ação e reação da sociedade. As igrejas atuam, sem dúvida. Mas também, sabendo disso, outros candidatos mobilizam suas redes para reagir a esse fenômeno. Acredito que se as pessoas soubessem mais sobre a importância desse profissional, votariam mais. O conselheiro tutelar é o primeiro agente contatado no atendimento a uma criança em vulnerabilidade social – avalia Márcia Gil, professora municipal aposentada que concorreu pela microrregião Centro e foi a mais votada da cidade, com 3.629 votos.
Denúncias de irregularidades
Segundo Maria Augusta Menz, da 2ª Promotoria da Infância e da Juventude de Porto Alegre, mais de 20 denúncias de irregularidade foram apuradas pelo Ministério Público ao longo da eleição, das 8h às 17h, embora nem todas tenham se confirmado. Transporte de eleitores e de compra de voto foram os relatos mais comuns:
– Embora tenha sido um dia agitado, o balanço foi positivo. Houve divulgação dos canais de denúncia, então recebemos diversas informações em tempo real, via WhatsApp.
Os conselheiros tutelares agem em defesa das crianças e dos adolescentes para protegê-los de situações de perigo, violência, vulnerabilidade, abandono, crueldade, discriminação e exploração. Eles recebem salário de R$ 5,5 mil.
Como há recurso de candidaturas, o CMDCA não anuncia a lista dos mais votados como a definitiva. Até 15 de dezembro, cabe recursos. A posse para o mandato de quatro anos é em 10 de janeiro de 2020. A eleição neste domingo ocorreu em todo o país.