RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Na primeira entrevista após a morte da menina Ágatha Vitória Sales Félix, 8, o governador Wilson Witzel (PSC) disse que o caso não pode ser utilizado como "palanque eleitoral" ou com o objetivo de obstruir votações importantes como o pacote anticrime do ministro da Justiça Sergio Moro.
Ao citar atendimentos do governo estadual, Witzel disse que sua gestão prefere trabalhar em silêncio para assistir as vítimas. "Pedi a ela: 'Major Fabiana [secretária de Vitimização e Amparo à Pessoa com Deficiência], não transforme em palanque político o caixão de vítima da violência'. E principalmente para evitar que isso aconteça, criamos essa secretaria. Para dar esse atendimento e evitar que sejam utilizados os caixões como palanque. É indecente usar um caixão como palanque, especialmente de uma criança."
Ele afirmou que conversou com Moro durante o fim de semana e defendeu a aprovação da excludente de ilicitude. Witzel também culpou o tráfico e os usuários de drogas pela morte da criança e voltou a defender a política de segurança de seu governo. "Em momento algum tenho tido discurso brando com quem quer que seja. Eu não tenho bandido de estimação, seja de distintivo, seja de farda. A lei é para todos."
Em outro momento da entrevista, voltou a negar ter algum tipo de seletividade. "Dizer que nós aqui estamos protegendo quem quer que seja, desculpe, por que nós aqui não temos bandido de estimação".
O governador afirmou que todas as investigações estão em andamento por parte da polícia do Rio. "Não há nenhuma investigação parada. A respeito do depoimento das armas, depoimento de policiais, tenho certeza que o delegado da homicídios está tratando como deve ser tratado".
O caso da morte, na opinião do governador do Rio, está sendo usado de forma política por adversários. "A oposição está fazendo um palanque em cima do fato".
"Lamento profundamente a perda, o meu sentimento é o sentimento de pai, tenho filha de nove anos". Disse ainda sentir pela mãe que não vai ver mais a filha. "Você acha que não penso? Eu não sou um desalmado, sou um cara de sentimentos".
Apesar de lamentar, Witzel afirmou que a morte não é motivo de "parar o estado". "O estado tem que continuar, eles têm que ter força para trabalhar, todos têm que ter força para trabalhar."