"Vamos construir de novo". A frase confiante foi dita em voz trêmula de emoção pelo empresário Wilson Dieterich, 79 anos, fundador do bar e restaurante Bali Hai, ao avistar o que sobrou do emblemático quiosque no litoral norte. Com uma área construída de 600 m² à beira-mar de Atlântida, em Xangri-lá, o local teve metade de sua estrutura consumida pelas chamas na última quinta-feira (8), segundo estimativa do sócio do empreendimento, Luciano da Rocha Luz, 48 anos.
— Queimou toda parte de palha, que é a frente do bar. O importante é que a cozinha e a área de alvenaria não foram afetadas — explica.
Na sexta-feira (9), o empresário visitou o local e pôde contabilizar o prejuízo: R$ 500 mil para reabrir as portas. Entre os itens perdidos, todo o material de buffet, cubas para as refeições servidas nos eventos, além de louças, pratos, copos e talheres.
Inaugurado em 1989, o espaço tem capacidade para receber 220 pessoas e já foi palco para a união de 55 casais. No final de semana anterior ao do incêndio, sediou uma festa de formatura e um jantar comemorativo de um clube local.
— Comemoramos 30 anos em janeiro, temos muito carinho da comunidade, que quer o Bali Hai reaberto, e vamos lutar pra isso. Muitos que casaram aqui me ligaram chorando, da Espanha, do México, de vários lugares — relembra o sócio.
A corrida contra o tempo não leva em conta apenas o movimento do verão - quando o número de funcionários dobra, de 15 para 30. O mês de novembro já tem na agenda oito casamentos marcados, de quem escolheu a vista do mar como paisagem para a celebração.
Entre amigos e frequentadores, Luciano revela ter recebido mais do que solidariedade. Dois clientes, que pediram para terem seus nomes preservados, doaram um total de R$ 150 mil:
— Além das doações, a prefeitura está mobilizada para reabrir, e nos ofereceu a sede da Saba (Sociedade Amigos do Balneário Atlântida) para um jantar para mil pessoas.
A causa do fogo ainda é investigada pela Polícia Civil.
O empresário ressalta que desligou os disjuntores da cozinha na noite anterior.
— Não começou na cozinha, que era onde poderia haver uma pane elétrica. O caseiro acordou, fez café e sentiu o cheiro de queimado. Usou dois extintores e não conseguiu apagar — avalia.