A Associação de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM) tem convivido nas últimas semanas com problemas que envolvem o prédio onde funcionava a boate Kiss, na Rua dos Andradas, centro da cidade. Casos frequentes de vandalismo e furto no local motivaram os familiares a procurar a prefeitura para resolver a situação. Foram definidas algumas ações emergenciais que serão tomadas como a substituição dos tapumes — que cobrem os vãos de janelas na parede da frente da boate — por materiais de alvenaria. Além disso, devem ser retiradas as máquinas de ar condicionado que estão fixadas na laje de cobertura do prédio e, ainda, serão fixadas as folhas de zinco que estão soltas no telhado.
O trabalho será executado pela Secretaria de Infraestrutura e Serviços Públicos em parceria com a associação. De acordo com o chefe da Casa Civil, Guilherme Cortez, na tarde desta terça-feira (2), a prefeitura fará uma vistoria no local para verificar o que pode ser feito de imediato. Ele afirma que a colocação de concreto nas paredes da frente da boate e a fixação das folhas de zinco no telhado devem ser concluídas ainda nesta semana. Além disso, as rondas da Guarda Municipal serão intensificadas nas ruas próximas à boate:
— A Guarda Municipal mantém rondas permanentes nos prédios públicos. Nas proximidades do prédio da Kiss nós intensificamos ainda na semana passada. Agora, seguiremos com rondas mais periódicas e constantes no prédio e, quando fizermos os serviços de fechamento, até a secagem do concreto, nós manteremos uma vigilância mais próxima e incisiva no local — diz Cortez.
De acordo com o presidente da AVTSM, Flávio da Silva, as medidas têm o intuito de inibir novos casos de vandalismo e furto. Situação que, conforme ele, deixa os familiares preocupados, já que há a intenção de manter o prédio conservado até que os processos do caso Kiss tenham um desfecho:
— É um desrespeito total cada vez que acontecem essas coisas. A gente sente essa violação na carne. Além de tudo que aconteceu ali, as pessoas não têm consciência de que isso nos machuca. Enquanto o prédio não é demolido, temos que cuidar para que ele, no mínimo, esteja em condições de receber o corpo de jurados, que é o grande objetivo daquele imóvel estar em pé ainda.
O prédio onde funcionava a boate Kiss foi desapropriado pela prefeitura para dar espaço a um memorial em homenagem às vítimas. Mas, a pedido dos familiares, o local só será demolido depois da definição se os quatro réus do caso Kiss irão a júri, porque a associação quer que o prédio sirva como prova.
Logo após o incêndio, o prédio contou com presença policial, mas isso se tratava de uma determinação judicial. Hoje, o local é tratado como outros estabelecimentos da cidade e rondas são feitas de acordo com as demandas dos moradores. De acordo com o comandante da Brigada Militar de Santa Maria, coronel Erivelto Hernandes, as pessoas que flagrarem casos como estes devem comunicar a BM imediatamente pelo 190.
Os casos
O prédio onde funcionava a boate Kiss tem sido alvo de vandalismo e furtos "praticamente todos os dias" conforme relatou à reportagem o presidente da AVTSM, Flávio da Silva, ainda na semana passada. De acordo com ele, a fiação do local foi levada e um aparelho de ar-condicionado foi danificado e arrancado em uma tentativa de furto. Buracos foram abertos na frente do prédio e depois fechados pela associação, mas foram novamente abertos. Moradores do entorno já flagraram pessoas entrando e saindo do local por estes espaços.