O prédio onde funcionava a Boate Kiss, na rua dos Andradas, centro de Santa Maria, têm sido alvo de vandalismo e furtos “praticamente todos os dias”, conforme relatou à reportagem o presidente da Associação de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), Flávio da Silva. De acordo com ele, nas últimas semanas, os casos têm aumentado: a fiação do local foi levada e um aparelho de ar-condicionado foi danificado e arrancado em uma “tentativa de furto”.
Buracos foram abertos na frente do prédio e depois fechados pela associação, mas, no mesmo dia, foram abertos novamente. O presidente da associação também acredita que os vândalos entrem pelo telhado do prédio, já que há telhas que estão comprometidas:
— Nesta semana, entramos no prédio e localizamos restos de comida, secadores de cabelo e roupas, por exemplo, que acreditamos que tenham sido resultado de furtos que essas pessoas praticaram pela cidade. Praticamente toda a fiação da boate também foi levada. Temos relatos de moradores do entorno de que esses vândalos entram no prédio de dia e de noite.
O prédio onde funcionava a boate Kiss foi desapropriado pela prefeitura para dar espaço a um memorial em homenagem às vítimas. Mas, a pedido dos familiares, o local só será demolido depois da definição se os quatro réus do caso Kiss irão a júri, porque a associação quer que o prédio sirva como prova.
A Brigada Militar disse que, logo após o incêndio, o prédio contou com policiais no local, mas que isso se tratava de uma determinação judicial. Hoje, o local é tratado como outros estabelecimentos da cidade e rondas são feitas de acordo com as demandas dos moradores.
Silva explica que já foram registrados muitos boletins de ocorrência na Polícia Civil. Ele destaca que, agora, buscará a prefeitura para solicitar a retirada dos aparelhos de ar- condicionado, em uma tentativa de inibir novos furtos:
— A prefeitura pode utilizar esses aparelhos em outros locais como em postos de saúde, por exemplo. Assim reduziríamos a entrada dessas pessoas no prédio. É uma situação triste. Se essas pessoas estão furtando, é porque tem alguém que compra e incentiva isso.
Em 2018, casos semelhantes foram registrados no prédio. Em março do ano passado, a imagem de Nossa Senhora Aparecida, que ficava em frente à boate, precisou ser retirada do local após ser depredada.