O trecho é curto: cerca de 10 quilômetros de estrada de chão que ligam os municípios de Nova Santa Rita, Portão e Capela de Santana. Mas a parte sem asfalto representa praticamente metade do caminho da Transaçoriana, uma via atualmente municipal, de acordo com o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer). Ainda assim, o trajeto é bastante utilizado, segundo relatos de quem está ali no dia a dia. Mesmo com condições de tráfego inadequadas e acúmulo de poeira.
Do total da via, 8,4 quilômetros são asfaltados em Nova Santa Rita. A inauguração desse trecho ocorreu em 2014, pelo então governador Tarso Genro. O trabalho foi feito por meio de convênio entre prefeitura e Estado. Cinco anos depois, as cidades seguem aguardando a finalização da estrada.
Alternativa importante para cortar caminho e fugir do fluxo intenso da BR-116, a Transaçoriana faz a ligação direta entre BR-386 e RS-240. Por meio dela, a produção rural da região é escoada para Porto Alegre e Serra, além de ser importante para outros setores, como indústrias química e metalúrgica de Portão.
Para a conclusão do asfalto, uma mobilização dos três municípios busca apoio do Estado. Conforme o presidente da Câmara de Vereadores de Portão, Diego Martins, uma reunião em janeiro retomou o assunto junto à Secretaria Estadual de Logística e Transportes. Segundo ele, há novo encontro marcado para dia 28 de março.
– Nossa ideia é que esse projeto seja visto como umas das prioridades do governo. A conclusão vai puxar o desenvolvimento das cidades. É uma via muito importante, que diminui a distância entre a região e Porto Alegre – afirma o representante do Legislativo.
A reportagem de GaúchaZH percorreu a Transaçoriana no dia 7 de março. A parte asfaltada não apresentava problemas aparentes, mesmo com intenso fluxo de caminhões. Luciano Lobo, 45 anos, empresário com um negócio nas margens da via, na parte de Nova Santa Rita, acompanha a movimentação diariamente no local.
– À noite, tem grupos de ciclistas que se reúnem para pedalar, por lazer. De dia, não para de passar caminhões. Se a via estivesse completa, melhoraria bastante a vida das pessoas – argumenta.
O trecho de estrada de chão, entre Portão e Capela de Santana, é coberto por britas. Ao se deslocar no local, a reportagem não encontrou grandes problemas de buracos, mas a poeira e a falta de sinalização são aspectos negativos, especialmente à noite. Nos dias de chuva, o trajeto tende a ficar mais complicado.
De acordo com o prefeito de Portão, José Renato das Chagas, a conclusão da via tem custo estimado em cerca de R$ 14 milhões. Ele argumenta que o município não teria como dar contrapartida ao governo do Estado, formando um convênio como fez a prefeitura de Nova Santa Rita, em 2014.
– É um projeto que temos e que continuamos tentando. Mas não há como incluir em nosso orçamento, o município não tem condições. Nossa esperança é o governo do Estado – diz Chagas.
Em 2017, as três prefeituras já tinham pedido ajuda ao governo federal, por meio da bancada gaúcha na Câmara, em Brasília.
Procurado, o Daer se manifestou por meio de nota. Conforme o órgão, não existe convênio ativo para a conclusão da obra e o governo estadual realiza atualmente um levantamento das obras que serão priorizadas, como a RS-118
A nota do Daer na íntegra:
"Essa rodovia é municipal. O trecho objeto do convênio, inaugurado em 2014, previa a pavimentação de 8,41 quilômetros entre a BRs-386 (estrada Sanga Funda) e a estrada dos Pires. O restante do segmento, possui cerca de 10 quilômetros de extensão e não tem nenhum convênio ativo.
No momento, não há previsão para a criação de um novo convênio, pois o governo do Estado está realizando um levantamento das obras que serão priorizadas, como a ERS-118 por exemplo.
Além disso, não serão iniciadas novas obras sem finalizar as que já estão em andamento para que não haja desperdício de dinheiro público."