Um dia após o presidente Jair Bolsonaro anunciar o fim das lombadas eletrônicas à medida que os contratos de uso forem vencendo, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, disse que a instalação dos equipamentos será reavaliada, mas serão mantidos em locais que se mostrarem necessários.
— Vamos investir em segurança, vamos investir em melhoria geométrica, vamos investir em manutenção da via, vamos investir em sinalização agressiva, e lombada vai ter onde for absolutamente necessário, onde o ponto crítico é decorrente do excesso de velocidade — disse Freitas, em visita ao Maranhão, segundo o portal G1.
As lombadas eletrônicas começaram a ser instaladas nas rodovias federais do Rio Grande do Sul em dezembro de 2010 com a promessa de redução das mortes no trânsito. No ano anterior à implantação do sistema, houve 394 acidentes fatais nas estradas fiscalizadas pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), conforme dados do Departamento de Trânsito do Rio Grande do Sul (Detran-RS). Ao fim de 2018, caiu para 368, enquanto a frota gaúcha aumentou 53,3% no período.
Especialistas defendem utilização de aparelhos
Especialistas ouvidos por GaúchaZH dizem que a redução do número de mortes nessas estradas não pode ser creditada só à implantação de lombadas. Outros fatores – campanhas educacionais, condição das rodovias, fiscalização etc – também ajudam a diminuir acidentes. Mas a maioria deles avalia o sistema como eficaz e necessário.
Na sexta-feira, a assessoria de imprensa do Ministério da Infraestrutura informou que foi pedido estudo ao Conselho Nacional de Trânsito sobre dispositivos eletrônicos de medição e controle de velocidade no país e que, em breve, será realizada audiência pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) para ouvir os principais interessados que atuam na fiscalização e que estudam o tema. O objetivo é apresentar um novo modelo de fiscalização e prevenção de acidentes, afirma.
Presidente do Instituto Brasileiro de Segurança no Trânsito, David Duarte Lima diz que é "absolutamente imprescindível controlar a velocidade por meios eletrônicos ou por policiais à beira das rodovias", pois esse é um dos "grandes fatores de acidente de trânsito".
— Com aumento da velocidade, o potencial de dano também sobe. A 30 km/h, 5% dos atropelados morrem. A 60 km/h, 90% — explica, para em seguida avaliar as consequências da medida.
— Se colocada em prática, provocará elevação dos acidentes e da mortalidade. Não precisa que todo mundo corra. Basta um pequeno grupo, para sentirmos o aumento da violência no trânsito — complementa.
No entendimento da PRF no Rio Grande do Sul, o uso de lombadas eletrônicas é importante, não apenas por ser um dos mecanismos de redução de velocidade. Segundo o chefe da Comunicação Social do órgão, Alessandro Castro, diminuem a necessidade do uso de radares móveis.
A nova diretora institucional do Detran-RS, Diza Gonzaga, destaca que muitos desse tipo de radar são colocados em locais de movimento acentuado de pedestres. Diza é criadora da Fundação Thiago de Moraes Gonzaga e do programa Vida Urgente.
Doutor em transporte e especialista em trânsito, João Fortini Albano considera as lombadas eletrônicas "umas das ferramentas mais eficientes para a segurança do tráfego", por informar ao condutor a que velocidade está trafegando:
— Tem a finalidade de harmonizar a coexistência entre todos os usuários do sistemas. São colocadas onde existe conflito, normalmente nas travessias urbanas.
Já o engenheiro aposentado do Ministério dos Transportes e mestre em Transporte e Trânsito pela UFRGS, Mauri Panitz, defende a iniciativa do presidente. Para ele, o uso de controladores de velocidade não auxilia na educação de trânsito e tem caráter de "satanizar" o motorista:
— Segurança viária não se obtém com multas. A multa deve ser aplicada, mas com moderação. Temos de sinalizar corretamente as rodovias, o que não ocorre. Temos de ter estradas uniformes em termos de sinalização e de dimensões.