O presidente Jair Bolsonaro, em pronunciamento nesta quinta-feira (7), defendeu o fim das lombadas eletrônicas nas rodovias. O chefe do Executivo afirmou que os equipamentos que estão em funcionamento serão mantidos até o final dos contratos e que não será permitido às concessionárias de rodovias utilizarem valores que deveriam, por contrato, serem direcionados à manutenção para a instalação de lombadas.
No entendimento do presidente, o principal objetivo dos equipamentos não é reduzir o número de acidentes. Segundo Bolsonaro, no Brasil, é quase impossível viajar sem receber multa.
No entendimento da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no Rio Grande do Sul, o uso de lombadas eletrônicas é importante. Segundo o chefe da comunicação social do órgão, Alessandro Castro, esses mecanismos ajudam a controlar a velocidade, diminuem o número de acidentes e a necessidade do uso de radares.
O sociólogo e especialista em segurança viária Eduardo Biavati tem o mesmo entendimento em relação ao uso de equipamentos eletrônicos para controlar a velocidade.
— Qual é a explicação para tanta morte no trânsito no Brasil? É muito simples. Nós corremos demais, porque nada nos impede de correr.
Biavati elenca o controle de velocidade como uma das primeiras medidas para combater a mortalidade no trânsito. Em seguida, cita manobras de engenharia, como redesenhar as vias para melhorar o fluxo e a contenção do excesso de velocidade. A fiscalização do consumo de álcool e campanhas de educação também são defendidas pelo sociólogo. O especialista entende que nem Brasil e nenhum país no mundo estão preparados para abandonar o uso da tecnologia para garantir a velocidade segura nas rodovias:
— Não há nenhum exemplo no mundo onde se abriu mão disso. É impossível. Pelo contrário. Eu estava vendo no site da polícia australiana exatamente o contrário. Eles estão equipando cada viatura com um radar. Não ter mais radar fixo. Qualquer viatura passando ao seu lado pode ter o radar de velocidade.
O professor, engenheiro aposentado do Ministério dos Transportes e mestre em Transporte e Trânsito pela UFRGS, Mauri Panitz, defende a iniciativa do presidente da República. No entendimento de Panitz, o uso de controladores de velocidade não auxilia na educação de trânsito e tem o caráter de "satanizar" o motorista.
— Segurança viária não se obtém com multas. A multa deve ser aplicada, mas com moderação. De forma mais educativa. Agora, nós temos é que sinalizar corretamente as rodovias, o que elas não são. Temos que ter rodovias uniformes em termos de sinalização e de dimensões. Não uma rodovia que uma hora é larga e daqui a pouco é mais estreita. Uma hora tem acostamento, outra hora não tem.
Panitz afirma que os fiscalizadores de trânsito realizam ações visando os motoristas que excedem a velocidade, mostrando casos extremos, mas que a maioria das multas são aplicadas em excessos de velocidade pouco acima do permitido.
— Se tu tens de controlar a velocidade no acelerador, olhando o velocímetro, tu não consegues manter exatamente os 80 km/h ou um pouquinho antes. Uma hora tem que dar uma acelerada para fazer uma ultrapassagem para subir em uma elevação ou segurar o carro em uma descida. Então, tu não consegue manter a velocidade constante. Isso é muito normal, muito natural. Eles se aproveitam dessa pequenas deficiências no controle da velocidade e ficam multando com um, dois, três quilômetros acima do limite.