Um documento que mostra o plano de emergência da barragem de Brumadinho (MG), obtido pela Folha de S. Paulo, sinaliza que a Vale já sabia que um eventual rompimento de barragem no local destruiria as áreas industriais da mina de Córrego do Feijão, incluindo o restaurante e a sede da unidade, onde estavam parte dos mortos e desaparecidos.
O Plano de Ações Emergenciais (PAEBM) deve projetar quais serão os danos em caso de colapso e definir medidas de mitigação dos estragos. No caso da barragem de Brumadinho, segundo a publicação, ele previa que a extensão da lama chegaria a 65 quilômetros da barragem.
Uma das resoluções que o plano prevê são “acionamentos sonoros" para alerta de emergência, o que não ocorreu. Além disso, equipes de emergência da Vale deveriam ficar de prontidão em suas bases ou serem deslocadas para pontos estratégicos. No entanto, pela demora em comunicar o incidente, é possível que os funcionários possam ter sido atingidos primeiro, já que ficavam no pé da estrutura da barragem
Contraponto
A Vale afirmou que o PAEBM "foi construído com base em um estudo de ruptura hipotética, que definiu a mancha de inundação".
Segundo a mineradora, a barragem passava por inspeções quinzenais, as últimas em 8 e 22 de janeiro, que "não detectaram nenhuma alteração no estado de conservação da estrutura".
Disse ainda que a estrutura — monitorada por 94 piezômetros (medidores de pressão) e 41 indicadores de nível de água — tinha "sistema de vídeo monitoramento, sistema de alerta através de sirenes (todas testadas) e cadastramento da população à jusante".