O governo federal informou que os sedimentos do rompimento da barragem de Brumadinho (MG) já percorreram uma distância de 98 km pelo Rio Paraopeba, chegando ao município de São José da Varginha, ambas na região metropolitana de Belo Horizonte, na quarta-feira (30). A informação foi divulgada pelo Palácio do Planalto na quinta (31) como um resultado do monitoramento do Conselho Ministerial de Respostas a Desastres, montado pelo governo para acompanhar os desdobramentos da tragédia em Minas Gerais.
Segundo as informações da Secretaria de Comunicação Social do governo, foi detectada a chegada dos sedimentos entre 11h e 12h de quarta-feira na região. Ainda na quinta, o governo afirmou que pretende enviar imediatamente ao Congresso um projeto para revisar a lei que trata da segurança de barragens.
— Levaremos também ao Congresso de forma imediata a revisão da lei de segurança de barragens — afirmou o porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros, em São Paulo.
Membros do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) bloquearam, nesta quinta, a ferrovia do terminal de Sarzedo, que escoa a produção de minério de empresas como a Vale na região de Brumadinho. Famílias em acampamento usavam água do rio Paraopeba, agora poluído por rejeitos.
Segundo o movimento, o objetivo do bloqueio é chamar a atenção da Vale para a situação do acampamento Pátria Livre, após o rompimento da barragem da empresa na última sexta (25). Mais de 15 caminhões estão parados na estrada, sem poder cruzar para o outro lado da ferrovia.
Cerca de 2 mil pessoas, ou 600 famílias, vivem no acampamento às margens do Rio Paraopeba e usavam a água para irrigar lavouras, cuidar dos animais e para higiene. Segundo Cristiano Meirelles da Silva, coordenador do MST, desde o dia da tragédia, nenhum representante da Vale foi até o acampamento. Eles também não foram procurados pelo governo estadual ou municipal. Sem água, dizem os moradores, as hortas e os animais já estão morrendo.
— Estamos cobrando providências imediatas das autoridades — afirma Meirelles.
Algumas famílias também foram diretamente atingidas pelo desastre, porque perderam parentes soterrados no mar de lama. O MST estabeleceu o acampamento em julho de 2017. A maioria das casas fica próxima ao rio, o que pode impossibilitar a permanência das famílias no local.