Juntas, eles geram mais de 130 mil empregos diretos e investem 53 bilhões de reais por ano. Têm centenas de milhares de acionistas e geram montanhas de impostos. Por isso, não podem quebrar. Se fechassem as suas portas, gerariam uma onda de devastação em dezenas de comunidades, em governos municipais, estaduais e também em Brasília. Uma é estatal, a outra, privada. Mas, em comum, se aproveitam da certeza de que, haja o que houver, suas portas continuarão abertas. Foi o que aconteceu na maior economia liberal do planeta quando a GM tropeçou nas pernas. Washington veio ao seu socorro e injetou nos cofres na montadora bilhões de dólares dos contribuintes.
Deve haver um restaurante perto da sua casa. Imagine se, um dia, três fios de cabelo aparecerem nos pratos de clientes com muitos seguidores nas redes sociais. E se os clientes, justificadamente furiosos, postassem imagens e textos denunciando a falta de higiene. É bem possível que o restaurante quebrasse.
Já os gestores da Vale e da Petrobras não correm esse perigo. Não dizem, mas sabem que dirigem organizações inquebráveis. Por isso se comportam como se comportam em suas decisões.
O mercado também sabe. Por isso, a queda das ações da Vale logo depois da tragédia já começou a ser revertida. Os afoitos e aqueles mais preocupados com a ética - como fundos pensão estrangeiros - venderam. Mas o volume negociado aponta que muita gente comprou.
Enquanto isso, o dono do restaurante do bairro perde o sono. E quando dorme, tem pesadelos com fios de cabelo no prato de feijão com arroz.