A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, anunciou nesta quinta-feira (24) no RS repasse de R$ 2,5 milhões para prefeituras que têm em seu território assentamentos rurais - áreas loteadas e entregues a famílias sem condições financeiras de adquirir imóveis. Em visita ao Estado, Cristina se reuniu com o secretário estadual da Agricultura, Covatti Filho, além de prefeitos e produtores rurais em Uruguaiana, na Fronteira Oeste, uma das regiões mais afetados pelo mau tempo.
Em entrevista ao programa Gaúcha+, a ministra afirmou que esse recurso vai auxiliar no deslocamento de crianças, com a proximidade do início das aulas, no conserto de pontes e na safra de pequenos produtores rurais.
O secretário estadual da Agricultura classificou o encontro com a ministra como importante, principalmente, para estreitar laços com o governo federal. Segundo Covatti Filho, a visita ajuda a transformar a chefe da pasta em uma "cabo eleitoral" do Estado na busca por ajuda em Brasília:
— Ela vai ser uma porta-voz nossa dentro do governo federal. Ela disse que vai passar isso para o presidente Bolsonaro. Talvez venha um outro ministro, da parte de infraestrutura, para ajudar na reconstrução das estradas vicinais. A gente vai ficar em contato com ela para cobrar ações que foram combinadas.
Covatti Filho disse que o repasse de R$ 2,5 milhões é importante, porque também ajuda os produtores no escoamento da safra.
— Esse recurso também contempla os produtores, porque muitos fazem parte dessas estradas de acesso aos assentamentos. Tem muitos produtores que fazem parceria com os assentamentos. Então, esse gestos dos R$ 2,5 milhões foi bem acolhido pelos produtores.
O secretário da agricultura disse que a pasta vai ajudar as prefeituras no trâmite burocrático para ter acesso a esses recursos, agilizando o processo junto ao governo federal.
Antes de se reunir com as lideranças regionais na Fronteira Oeste, a ministra sobrevoou áreas alagadas na região de Uruguaiana. Estimativas da Emater apontam para prejuízos de pelo menos R$ 786 milhões na agricultura do Estado, com as cheias em lavouras.
A produção de arroz, com perdas estimadas em R$ 342 milhões, em mais de 220 mil hectares, e de soja, onde os prejuízos podem chegar aos R$ 435 milhões em 275 mil hectares, são as culturas mais prejudicadas pelo grande volume de água em pequeno espaço de tempo.
Mais de uma dezena de municípios em situação crítica
Até o momento, 19 municípios já decretaram situação de emergência no Estado em razão da chuva. Desse montante, nove já foram homologados pelo Piratini. Nessa primeira etapa, o governo do Estado garante repasse de ajuda humanitária e de alguns recursos. As prefeituras precisam levantar documentos e laudos para garantir reconhecimento por parte da União, que pode garantir apoio mais robusto, como compras com dispensa de licitação, acesso dos moradores aos valores do FGTS e recursos para obras.
Aproveitando a presença da ministra, produtores de arroz fizeram um corpo a corpo para tentar posicionamento da pasta em relação a pleitos antigos da categoria, como reajuste do preço mínimo, renegociação de dívidas e a assimetria do Mercosul na questão do arroz. Ela deu prazo de 30 dias para analisar esses pontos apresentados na reunião. Tereza Cristina deixou o Estado por volta das 20h.
R$ 4,5 milhões para estradas
Na quarta-feira, o Ministério do Desenvolvimento Regional confirmou o repasse de R$ 4,5 milhões para os então 18 municípios que decretaram situação de emergência. A verba será destinada para recuperação de estradas, visando melhorar o escoamento da produção agrícola.