A prefeitura de Chapada, município de cerca de 9,3 mil habitantes do norte do Estado, fez um convite para que o único médico cubano da cidade, Richel Collazo Cruz, assuma a Secretaria Municipal de Saúde. O objetivo, segundo a prefeitura, é fazer com que ele permaneça no município depois do anúncio da saída do país caribenho do programa Mais Médicos, o que fará com que cerca de 600 profissionais deixem o Rio Grande do Sul.
Cruz é o único médico cubano que foi designado para o município dentro do programa de cooperação, ainda em 2014. Segundo o prefeito de Chapada, Carlos Catto (PDT), ele foi muito bem recebido pelos moradores e destacou-se pela competência, dedicação e pontualidade.
— Fizemos o convite para que ele fique na cidade e também para valorizar o profissional. Fomos muito bem atendidos por ele e reconhecemos a competência desse médico. Praticamente toda a comunidade aprovou — relata o prefeito.
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A atual secretária de Saúde do município é a vereadora Loiva Mirna Gauer. No entanto, conforme Catto, ela está afastada da Câmara de Vereadores e já havia decidido, em conjunto com a prefeitura, que retornaria ao Legislativo. Para que o estrangeiro possa assumir, a Lei Orgânica do Município terá de ser alterada.
— Assim que ficamos sabendo da notícia da saída de Cuba do programa, rapidamente nos reunimos para fazer o convite. Conversamos com o médico no fim do expediente dele, por volta das 17h de quarta-feira (14). Ele ainda não respondeu, mas queremos que saiba que aprovamos o trabalho dele, e a população também. Nossa lei orgânica só fala em brasileiros para cargos de secretarias, mas tenho certeza de que o Legislativo vai concordar com isso — disse.
Segundo a prefeitura, há dificuldades para contratação de médicos. Em 2018, um concurso oferecia salários de cerca de R$ 11 mil para médicos, mas não houve candidatos.
Chapada recebeu também venezuelanos
A cidade de Chapada já havia se destacado pela solidariedade com estrangeiros ao se oferecer para receber famílias com crianças quando o governo federal começou a enviar venezuelanos para outros Estados. O grupo de 52 venezuelanos chegou no fim do mês de setembro e foi recebido com festa pela comunidade de Linha São Roque, no interior do município.
Das 24 pessoas consideradas aptas para trabalhar, 21 já conseguiram emprego, e as outras três seguem procurando. As crianças e adolescentes foram encaminhados para creches e escolas.