Mesmo com o conserto da adutora rompida na quinta-feira (22) e a retomada do bombeamento para os canos, parte dos moradores de Gramado seguiu sem água nesta sexta-feira (23). De acordo com a Corsan, eram casos isolados onde o fornecimento demora mais a chegar.
Entre os principais impactados, estão os moradores e comerciantes dos bairros Dutra, Floresta, Moura, Piratini e Várzea Grande. Nessas regiões, historicamente, a água termina antes e retorna depois.
Abaixo de sol a pino, as comunidades receberam a visita de caminhões-pipa. Ao longo do dia, os veículos repetiram a viagem entre Três Coroas, onde são abastecidos, e Gramado para distribuir 5 mil litros por imóvel — pelos cálculos de proprietários de hospedagens lotadas, quantidade insuficiente para sobreviver ao fim de semana.
Localizada no bairro Floresta, a Pousada Luar Serra assistiu à desistência de seis casais. Aos que resistiram, os donos tiveram de alertar que lençóis não seriam trocados e banhos seguiam impossibilitados.
— É constrangedor. Dá vontade de fechar as portas e ir embora — reclamou um dos proprietários, Pedro Tavares Júnior, enquanto um caminhão-pipa estacionava na calçada. — Olha o quanto estou pagamento de vento — completou, ironizando a última conta da Corsan, no valor de R$ 660.
Uma de suas vizinhas, Elisabete Benetti, conta que precisou se desdobrar em esclarecimentos para os hóspedes cariocas e nordestinos. De alguns, ouviu queixas e inclusive ameaças de processo.
Já a proprietária da pousada Aardvark Inn adiantou-se. Uma semana antes, quando soube da obra programada pela Corsan, Grasiane Mossini arrematou duas caixas d'água e conseguiu evitar o prejuízo de perder turistas. Para esse final de semana, aos 80 hóspedes acomodados em seus 30 apartamentos, orientou o "uso racional":
— Esse colapso resume-se em falta de gestão. Sabiam que iria acontecer.