A analista financeira Joane de Castilhos, 33 anos, assistia televisão por volta das 21h desta segunda-feira (12) quando sentiu o apartamento em que mora, no bairro Petrópolis, vibrar. Ela foi uma das centenas de pessoas que sentiram tremores de terra em Caxias do Sul. Até as 23h, o Corpo de Bombeiros da cidade recebeu 200 ligações relatando o fenômeno.
— Pensei que tivesse caído algo no prédio. Foi um tremor forte, chegaram a cair dois porta-retratos na minha casa. Em seguida saí de casa e o pessoal do prédio já estava descendo —relata.
Após o primeiro tremor, segundo Joane, diversos outros foram sentidos durante uma hora, com intervalos de poucos minutos. Ela e o marido se sentiram seguros para retornar ao apartamento somente às 22h30min.
— Até achamos que pudesse ser detonação, mas àquela hora não teria nada. Moro há 10 anos nesta região e nunca tinha sentido nada — argumenta.
O Petrópolis foi um dos cinco bairros onde o fenômeno foi registrado — também houve relatos em Cristo Redentor, Lourdes, Sagrada Família e Presidente Vargas. Na Universidade de Caxias do Sul (UCS), que fica no Petrópolis, estudantes também saíram das salas de aula.
No bairro Presidente Vargas, a empresária Cristiane Petri, 43 anos, fazia exercícios quando sentiu o chão vibrar.
— Meu marido disse que tremeu a tela do computador que ele estava usando. Moramos ao lado de uma transportadora, que tem um contêiner em cima do outro. Achei que um deles tinha caído — relata.
Ao contrário do registrado em outros bairros, os vizinhos da empresária não chegaram a deixar as casas. Em três anos morando no bairro, ela disse nunca ter sentido tremores.
Apesar dos relatos de moradores, a Rede Sismográfica Brasileira (RSBR) não registrou qualquer abalo sísmico do sul do Brasil nesta segunda-feira até as 22h. Na manhã desta terça-feira (13), porém, técnicos do Observatório de Sismologia da Universidade de Brasília (UNB) analisam dados coletados para tentar identificar a magnitude do fenômeno.
Tremores já foram registrados em Caxias em outras ocasiões, quase sempre na zona norte. Em abril de 2015, por exemplo, houve relatos nos bairros Jardim Eldorado, Ana Rech, São Ciro e Castelo. Na época, a explicação de especialistas foi de que o solo da cidade sofre acomodações constantes e as rochas densas contribuem para a propagação das ondas sísmicas. Apesar disso, o fenômeno não tem potencial para causar danos significativos.