Conforme o professor do Instituto de Geofísica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Roberto Cunha, o subsolo da Serra Gaúcha é formado por rochas densas, por onde viajam as ondas dos abalos. Este tipo de terreno contribui para que as ondas se espalhem com mais intensidade.
Apesar disso, segundo ele, o que assusta os moradores costuma ser principalmente o barulho que antecede o tremor. Segundo o pesquisador, o fenômeno pode ser causado por acomodações do solo, reflexos de terremotos na cordilheira dos Andes e cordilheira oceânica.
Outra hipótese é reflexo de detonações em pedreiras. De acordo com o geólogo caxiense Nério Susin, uma pesquisa realizada em 2008 por profissionais da Universidade de Brasília (UnB) apontou que o solo de Caxias do Sul sofre acomodações constantes de placas basálticas, o que pode causar tremores.
Segundo ele, porém, o máximo que os tremores podem causar são danos em rebocos de paredes. Apesar de relatos darem conta de que este foi o fenômeno mais forte já registrado, Susin descarta que o fenômeno se intensifique com o tempo.
"Caxias do Sul tem uma grande estrutura geológica, que nós chamamos de falha geológica, e algumas outras menores que são absolutamente comuns em todo e qualquer território imerso sob a terra. Esses eventos têm se concentrado e estão sendo mais sentidos na zona norte da cidade principalmente pela grande ocupação imprópria que tem se dado em cima dessas regiões. Esse fenômeno acontece, já aconteceu antes e vai acontecer daqui para frente também", explica.
O tremor foi sentido em pelo menos cinco bairros da zona norte de Caxias do Sul na noite desta quinta-feira (16). O principal deles foi o Serrano, mas também há relatos no Jardim Eldorado, Ana Rech, São Ciro e Castelo. Em alguns pontos do Serrano, moradores saíram das casas para conferir o que aconteceu. Por volta das 21h, o Corpo de Bombeiros recebeu pelo menos cinco ligações de moradores assustados.