Localizada ao pé da Serra e cercada por dois rios, a cidade de Rolante, no Vale do Paranhana, assistiu às suas ruas e avenidas se transformarem em arroios de água barrenta. Pela madrugada, o nível dos Rios Areia e Rolante subiu rapidamente e transbordou para dentro da cidade. À tarde, porém, a enchente começou a escoar e os moradores retomaram a rotina.
– Vínhamos monitorando, mas foi muito rápido. Em 40 minutos, os rios levantaram e entraram nos bairros – afirma o coordenador da Defesa Civil municipal, Leandro Gottschalk.
O alagamento atingiu ao menos seis bairros e localidades, interditou pontes e bloqueou o principal acesso à cidade, pela RS-239. Diante da impossibilidade de deslocamento, as aulas nas redes municipal e estadual foram canceladas e cinco dos sete postos de saúde ficaram fechados. A maioria das lojas e indústrias também teve as atividades suspensas.
– Estamos voltando à normalidade. Os níveis dos rios estão baixando, as pessoas estão voltando às suas casas e o tráfego de veículos está sendo liberado. Vamos fazer uma avaliação dos estragos, principalmente no interior, nas estradas e lavouras – disse, à tarde, o prefeito Régis Luiz Zimmer.
De acordo com o monitoramento da Defesa Civil do município, o Rio Areia ultrapassou em 5,30 metros o seu nível normal, e o Rio Rolante, 4,49 metros. À 1h, equipes do órgão saíram acompanhadas do Corpo de Bombeiros para alertar a população. Com sirenes ligadas, orientaram os moradores a colocar pertences sobre mesas e armários. Cerca de 300 pessoas decidiram deixar suas casas, mas retornaram à tarde com o recuo da água.
A aposentada Terezinha da Silva, 55 anos, acordou de madrugada com o barulho da enxurrada e foi até a casa onde moram seus irmãos, no Loteamento Esquinatti, em uma área de declive. Às 3h, os familiares já estavam ilhados.
– Foi muito rápido, alagou tudo de uma só vez. Quando cheguei, nem eu tinha como entrar, nem eles como sair – conta Terezinha.
O bairro mais afetado foi o Grassmann, onde a água chegou a invadir casas. Funcionária de uma indústria de calçados, Ivone Gaieski, 41 anos, e o marido, Joel Simon, 37 anos, chegaram a instalar uma bomba hidráulica para drenar a água que converteu o pátio em um açude.
– Passamos a madrugada levantando os nossos pertences. Agora, é hora de colocar no lugar de volta – resigna-se a industriária.
Segundo o coordenador da Defesa Civil, essa foi a primeira adversidade climática desde o intenso temporal que consumiu a cidade em janeiro do ano passado.
– O que aconteceu foi um evento cíclico. No ano passado, foi completamente atípico – tranquiliza Gottschalk.