O desafio de transformar abrigos em lares é o próximo passo do acolhimento de venezuelanos em território gaúcho, que começa em 6 de setembro. As cidades de Canoas e Esteio receberão 646 imigrantes do país vizinho, que enfrenta uma crise econômica e política. E, além de preparar alojamentos, as prefeituras dos dois municípios tentam viabilizar também oferta de serviços de saúde, educação e emprego para os migrantes.
As duas cidades gaúchas receberão o maior contingente dentre os venezuelanos que estão acampados de forma precária em Roraima, em locais superlotados, e serão redistribuídos pelo governo federal em outras regiões. Outros Estados receberão mais 820 transferidos nos próximos meses.
Em Esteio os imigrantes ficarão em quartos com até cinco camas. Já em Canoas, em apartamentos que comportam no máximo um casal com bebê. O aluguel será bancado pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), agência da ONU.
As prefeituras foram pegas de surpresa pela escolha feita pelo governo federal, mas já se preparam para fazer o melhor. Um dos desafios é conseguir serviço para os venezuelanos. Em Canoas eles serão cadastrados no Banco de Oportunidades, um site no qual empresas oferecem vagas para emprego e desempregados anunciam suas habilidades profissionais. Algo semelhante será feito em Esteio pela Secretaria de Ação Social.
Uma das ideias na área de educação, em Canoas, é que canoenses maiores de 60 anos que são beneficiados pelo Projeto Geração - um treino para adaptação de idosos a novas tecnologias - se disponham a ensinar português aos venezuelanos recém-chegados. Alguns já anunciaram essa intenção.
Em Esteio, professores voluntários já se ofereceram para dar aulas de português aos imigrantes.
Espantou, aos administradores de Canoas e Esteio, a notícia dada pelo governo federal de que os venezuelanos que vêm são bastante instruídos. Todos têm no mínimo Ensino Médio e há, inclusive, pessoas que atuam na carreira judiciária, numa mostra de que a crise venezuelana atinge todas as camadas sociais.
Uma das incógnitas ainda é como será feita a assistência em saúde para os imigrantes. A vacinação será providenciada para quem não tem, mas ainda não se sabe como será a assistência médica rotineira. Uma reunião dia 31, entre representantes da Acnur, do governo federal e das prefeituras, deve definir a distribuição dos venezuelanos e detalhes da assistência.