Representantes de entidades comunitárias, culturais e da Câmara de Vereadores participaram na manhã desta segunda-feira (9) de visita guiada no complexo da antiga Metalúrgica Abramo Eberle S.A. (MAESA). O evento durou cerca de uma hora e o grupo visitou todos os pavilhões já desocupados pela empresa Voges, que ainda utiliza parte da estrutura.
Por azar, ou mero acaso, a chuva contribuiu para que as falhas estruturais se tornassem evidentes para os presentes. Praticamente todos os blocos apresentam buracos no telhado ou rupturas em calhas. Com isso, pontos de alagamento e vazamento de água ficaram bastante visíveis.
Porém, as principais contestações do grupo foi com relação às intervenções da empresa Voges nos espaços. Em um dos prédios, por exemplo, montanhas de fuligem industrial obstruem qualquer acesso à área interna. Além disso, espaços que tecnicamente a empresa já teria entregue ao poder público, estariam ainda sofrendo intervenções.
— A prefeitura está fiscalizando e já acionamos judicialmente a empresa por não estar cumprindo o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado, que previa o pagamento de aluguel e a descoupação até 31 de julho. Eles (a empresa) provavelmente não vão sair até essa data. E os aluguéis não estão sendo pagos — informou o secretário Municipal da Cultura, Joelmir da Silva Neto.
Segundo o titular da pasta, a não desocupação do complexo também dificulta o planejamento da ocupação.
— Estamos fazendo um levantamento geral da estrutura para darmos andamento ao projeto. Se a empresa não sair, (o projeto) vai ficar incompleto — complementa.
O presidente da Associação dos Moradores do bairro Exposição, Lucas Diel, também estava presente na ocasião. Ao constatar as condições deixadas pela empresa, ele afirmou preocupação com a própria saúde da comunidade.
— Foi interessante ter essa oportunidade de enxergar o lado de dentro da Maesa. Mas me preocupou essa questão do material despejado pela Voges. Eu já tinha recebido reclamações de moradores próximos que têm as casas invadidas por fuligem e um forte cheiro de substâncias industriais. Algo precisa ser feito com relação a isso — ressaltou o líder comunitário.
Sobre os próximos passos, além da necessidade da saída da empresa, o secretário da Cultura explicou que, em curto prazo, deve haver a conclusão do levantamento para após se debater a forma que a proposta deve ser lançada para a futura ocupação.
Já o planejamento da ocupação dos pavimentos para recebimento da estrutura da Secretaria de Segurança Pública e Proteção Social prossegue o mesmo: a expectativa é de que as obras de revitalização e adequação no espaço iniciem neste ano.
Confira a avaliação de alguns representantes de entidades que participaram do encontro:
Vereador Paulo Périco (representando a Comissão de Educação da Câmara):
— Vimos a realidade de como está a Maesa internamente. Observamos muitas calhas quebradas, muitas goteiras. Isso tudo está prejudicando a estrutura interna. Em muitos pontos, a ocupação da Voges prejudicou. E esse recurso que a Voges não está pagando poderia ser investido no próprio prédio, em intervenções de manutenção preventiva do ambiente.
Maria Cecilia Pozza (presidente do Conselho Municipal de Política Cultural):
— Fiquei muito preocupada com a quantidade de interferências que o prédio está recebendo mesmo depois do tombamento. A empresa precisa ser fiscalizada. A prefeitura precisa cobrar. O que me preocupa também é o total abandono. Tem pontos perigosíssimos, tem parte elétrica e aberturas onde descem água, além da areia de fundição. Imagine o dano ambiental que podem estar causando.
Claudio Troian (representante da Comissão Especial da Maesa da Secretaria da Cultura):
— Foi um evento pertinente, onde pudemos constatar os pontos vulnerabilziados do prédio e o quanto ele precisa de atenção. Certamente precisa de reparos estruturais, e aquele lixão despejado num dos blocos precisa ser removido, é uma questão que afeta a insalubridade das próprias pessoas que moram nos arredores ou trabalham aqui. O laudo da Fepam tem de ser contestado. Nossos vereadores poderiam se articular junto à Assembleia Legislativa e cobrar do Estado.