Depois de antecipar os nomes, funções e possíveis crimes dos 23 indiciados pela Polícia Federal, com a Operação Ouvidos Moucos, a reportagem teve acesso aos detalhes do relatório final das investigações sobre desvio de verbas do ensino a distância da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). As informações são do G1/SC.
Segundo a Polícia Federal (PF) e o Tribunal de Contas da União (TCU), o grupo desviou mais de R$ 3 milhões e cometeu crimes como concussão, peculato, lavagem de dinheiro, organização criminosa, violação de sigilo funcional, falsidade ideológica, além de outras tipificações.
No relatório de 800 páginas, constam documentos, conversas entre os investigados em trocas de e-mails, pelo WhatsApp, a íntegra dos depoimentos prestados à Polícia Federal, que foram usados pelos investigadores para indiciar as 23 pessoas mencionadas.
O material está agora com o procurador André Bertuol, do Ministério Público Federal (MPF). A equipe dele deve analisar as provas e pode denunciar ou arquivar as acusações. Se optar pela denúncia, os indiciados tornam-se réus e respondem na Justiça por esses crimes.
As evidências, reunidas no relatório final da PF, demonstram como eram estabelecidos os relacionamentos entre os investigados e como o possível desvio de recursos pode ter ocorrido. Além disso, apresenta uma cronologia de como as transações bancárias entre os indiciados pode ter ocorrido.
A investigação, que completou sete meses, apontou que verba destinada ao EaD foi desviada, inclusive para pessoas sem vínculo com a universidade, como parentes de professores e até um motorista. Entre 2006 e 2017, foram repassados R$ 80 milhões para o programa.
Em nota, o MPF informou que o procurador da República André Bertuol, responsável pelo caso, está examinando o relatório da Polícia Federal e em breve divulgará a sua decisão, que pode ser por acatar em parte ou no todo a denúncia ou ainda não aceitar a denúncia. Quando estiver concluído ele vai divulgar o seu trabalho".
A reportagem procurou a direção da UFSC, mas até esta publicação a instituição não havia confirmado notificação oficial sobre conclusão do relatório da PF e sobre os indiciamentos.
Indiciamento
Na quarta-feira (25), a PF encaminhou para a Justiça o relatório final com o indiciamento de 23 pessoas, entre professores, funcionários e prestadores de serviço de transporte, por desvios de verbas em cursos de EaD da UFSC.
Mikhail Vieira de Lorenzi Cancellier, filho do reitor Luiz Carlos Cancellier de Olivo, está entre os apontados pela investigação como participante do suposto esquema. O reitor cometeu suicídio em 2 de outubro. A operação foi deflagrada no dia 14 de setembro, e durante as investigações Cancellier de Olivo foi preso e proibido de entrar na universidade.