Um ciberataque ao sistema de informática da prefeitura de Jóia, no noroeste do Estado, interrompe parte dos serviços prestados aos moradores da cidade desde a última segunda-feira (8). Hackers invadiram o servidor do município e criptografaram o sistema, impossibilitando o acesso a quase todos programas e arquivos utilizados pela gestão pública. Para desbloquear os arquivos, os criminosos pedem US$ 4 mil em bitcoins — moeda virtual sem regulamentação financeira.
Com o bloqueio do servidor, a prefeitura enfrenta problemas, principalmente na área de contabilidade. Compras não estão sendo realizadas. A arrecadação e a tributação também estão paralisadas. Serviços de pessoal, como trâmites da folha de pagamento, da concessão de férias a funcionários públicos e contratações, estão interrompidos, informou a prefeitura. O site oficial do município está fora do ar.
Jacson Pinheiro, contador do município, informou que o ataque pode ter ocorrido entre o fim da noite de domingo (7) e o início da manhã de segunda, pois o sistema de cópia de segurança do servidor criou um arquivo na nuvem na noite de domingo. Na manhã de segunda, funcionários perceberam dificuldades ao tentar utilizar o sistema. Ao analisar o servidor, o setor de informática da prefeitura encontrou um endereço de e-mail que deveria ser contatado para o desbloqueio. Ao enviar e-mail para o endereço, o destinatário solicitou o resgate, estipulando as condições. A prefeitura informou que não vai negociar com os criminosos e que o caso foi registrado na Polícia Civil do município.
O computador comprometido pelo ataque foi encaminhado para uma empresa de informática de Porto Alegre, que trabalha para recuperar os arquivos da administração pública.
O funcionário público destacou que o ataque virtual prejudica o funcionamento da máquina pública no atendimento à população, pois o Executivo está operando em condições precárias.
O contador disse que apenas uma parte do banco de dados da prefeitura foi salva no backup emergencial. Os arquivos recuperados são dos anos de 2015 e 2016. Caso não consiga recuperar o servidor, consultas a dados de períodos anteriores terão de feitas por meio de arquivos físicos, o que diminuiria a agilidade no processo, segundo Pinheiro.
— Isso vai inviabilizar várias áreas do município. Hoje (sexta-feira), a gente instalou essa parte, que foi possível recuperar, em um computador menos potente. Com isso, alguns setores da prefeitura estão funcionando de maneira precária para atender o mínimo necessário — disse o contador.
Investigação
O caso foi registrado na Delegacia de Polícia de Jóia, que vai investigar o caso. O delegado substituto Ricardo Blum Miron afirmou que pediu auxílio à Delegacia de Repressão aos Crimes Informáticos (DRCI), do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), que vai participar das investigações.
Miron destacou que o primeiro passo após a abertura do inquérito será solicitar na Justiça quebra de sigilo de provedores de internet para tentar achar rastros dos autores do crime.
— Na verdade, nós não temos preparo e conhecimento técnico de crimes de informática. Por isso, a gente se assessora com as delegacias especializadas. O inquérito foi registrado aqui, mas vamos contar com a ajuda do Deic na investigação.
O delegado disse que a ausência de provas materiais dificulta na busca por suspeitos. O uso de provedores que são difíceis de rastrear também é um empecilho, segundo Miron.
— A orientação que a gente deu para a prefeitura é de que não pague o resgate solicitado e não negocie, porque isso fomenta o crime e não existe garantia de que o pagamento vai garantir a senha de desbloqueio.