O procurador-geral da República apresentou a segunda denúncia contra o presidente no fim da tarde desta quinta-feira (14). Rodrigo Janot acusou Michel Temer por obstrução da Justiça e organização criminosa a partir das delações do grupo J&F, controlador da JBS, e do doleiro Lucio Funaro. Foi um dos últimos atos do procurador-geral, que deixa o cargo no domingo (17).
Para sustentar a obstrução da Justiça, a denúncia cita o episódio em que, segundo o procurador-geral, Temer aprovou que o empresário Joesley Batista comprasse o silêncio de Funaro e do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Os três estão presos. Quanto à acusação de organização criminosa, Janot se referiu ao "quadrilhão do PMDB" na Câmara. Segundo a Polícia Federal (PF), o presidente era líder do grupo.
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Ao vincular as declarações de Funaro a de outros delatores, o procurador-geral acusa Temer de atuar continuamente em uma organização criminosa, justificando a denúncia mesmo que os crimes relatados pelo doleiro sejam anteriores ao mandato do presidente.
Na quarta-feira (13), Janot havia recebido do Supremo Tribunal Federal (STF) uma espécie de chancela para apresentar a nova denúncia. Os ministros consideraram que o procurador-geral não pode ser considerado suspeito para atuar nos casos envolvendo Temer e adiaram para a próxima semana o julgamento que busca impedir Janot de oferecer acusações contra o peemedebista antes do esclarecimento da reviravolta nas delações da J&F.
Após a apresentação da denúncia, Temer deve se pronunciar. Em junho, depois de Janot o denunciar por corrupção passiva, declarou que a acusação era uma "ilação" e sugeriu que o ex-procurador Marcello Miller havia recebido "milhões" para deixar o Ministério Público Federal (MPF) e atuar na defesa da J&F. A denúncia acabou rejeitada pela Câmara.
*Zero Hora, com agências