As irregularidades investigadas pela Polícia Federal (PF) na Operação Ouvidos Moucos, deflagrada nesta quinta-feira (14) com foco na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), começaram no curso de licenciatura em física. A informação é da Controladoria Geral da União (CGU), que fez auditorias junto com o Tribunal de Contas da União (TCU).
O esquema logo teria se expandido para outros cursos oferecidos pelo Programa Universidade Aberta do Brasil (UaB), oferecido pela UFSC para capacitar professores da rede pública de ensino em regiões afastadas e carentes do interior do país.
O reitor da universidade, Luiz Carlos Cancellier de Olivo, foi detido nesta manhã. Nenhum dos presos havia chegado na sede da Superintendência da PF em Florianópolis até as 9h.
A CGU diz que investigação apontou para uma atuação conjunta de "empresários, professores (especialmente os do Departamento de Administração, um dos que recebe maior volume dos recursos destinados ao Ead da Universidade) e funcionários de instituições de ensino e de fundações de pesquisa e extensão acadêmica parceiras".
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A operação
A investigação aponta que professores da UFSC (especialmente da Administração, um dos cursos que mais recebe verbas para EaD), empresários e funcionários de instituições e fundações parceiras teriam atuado no desvio de bolsas e verbas de custeio para pessoas sem qualquer vínculo com a universidade.
Em alguns casos, bolsas de tutoria foram concedidas até mesmo a parentes de professores que integravam o programa.
Também foram identificados casos de direcionamento de licitação com o emprego de empresas de fachada na produção de falsas cotações de preços de serviços, especialmente para a locação de veículos.
Em um dos casos mais graves e mais bem documentados pelos investigadores, professores foram coagidos a repassar metade dos valores das bolsas recebidas para docentes envolvidos com as fraudes. Os alvos da Operação Ouvidos Moucos são investigados pelos crimes de fraude em licitação, peculato, falsidade documental, estelionato, inserção de dados falsos em sistemas e organização criminosa.