No dia seguinte ao assassinato de João Carlos da Silva Trindade, 39 anos, o Colete, apontado como líder do tráfico de drogas na Vila Maria da Conceição, a comunidade, aparentemente desconfiada, tenta retomar a rotina em meio aos olhares da Brigada Militar. Das nove patrulhas que foram deslocadas para a região após primeiros relatos do homicídio, quatro permanecem circulando pelas ruas e becos nos arredores da Rua Barão do Amazonas nesta quinta-feira, via onde o crime foi consumado às 12h30min de quarta.
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Polícia suspeita que líder do tráfico tenha sido morto pela própria facção
O comércio abriu normalmente e, já nas primeiras horas da manhã, as quatro linhas de ônibus desviadas ou retiradas de circulação por falta de segurança, voltaram a operar normalmente. À paisana, policiais militares têm avaliado o grau de instabilidade provocado pela morte e abafado qualquer movimento com o deslocamento de efetivo.
– Acho que muitas cabeças vão rolar quando a poeira baixar – disse um morador.
– O problema não é agora. O problema vem depois, quando a policia sair daqui – acrescentou outro.
Isso porque há muitas dúvidas que inquietam a comunidade, sendo que duas delas alongam as conversas de esquina e não são respondidas nem pela polícia. A primeira é a identidade do assassino ou do mandante do crime. Embora existam alguns indicativos, ainda não se sabe quem entrou na casa da mãe de Colete, no coração da Vila, e executou o criminoso de 39 anos. Para a investigação feita pela Brigada Militar, tudo aponta para desacordo entre membros da própria facção, situação quer vinha sendo monitorada desde junho.
– Quando um fator externo interfere na rotina do tráfico, há queima de ônibus e outros tipos de reações. Não aconteceu. Parece que foi algo de dentro (da organização) – disse o comandante do 19º Batalhão de Polícia Militar, tenente-coronel Marcelo Tadeu Pitta Domingues. A facilidade com que os assassinos chegaram até a residência também levanta suspeitas.
– Os traficantes sabem quem entra e sai da Vila. Uma facção rival, quando faz essas investidas, em geral usa fardas da polícia para conseguir entrar – destacou o comandante, dizendo que os bandidos vestiam roupas normais.
Responsável pela investigação, o titular da 1ª DHPP, Rodrigo Reis, está buscando depoimentos e pistas que levem aos autores do crime. Por enquanto, embora não descarte uma execução de aliados, considera todas as hipóteses.