Ao desencadear nesta terça-feira (1º) uma operação para desarticular quadrilha que roubou mais de 40 ônibus intermunicipais entre abril e junho deste ano em Porto Alegre, a Polícia Civil revelou um fato inusitado em relação aos presos do grupo: um deles confessou que o próprio pai é motorista de coletivos na Capital.
O delegado Carlos Wendt, da Força-Tarefa, diz que o integrante destacou em depoimento que não assaltava apenas uma determinada linha na cidade. Intrigado, ele questionou o preso, que confessou o fato.
– Por ironia do destino resolveu cometer crimes justamente na área de atuação do próprio pai, que ficou arrasado ao saber sobre o filho – relata Wendt.
O detido confessou a participação em 36 roubos. A maioria deles com uma comparsa, presa hoje, que aplicava choques elétricos nas vítimas durante os ataques. A dupla era conduzida até os alvos, linhas que utilizam a Avenida da Legalidade, por motoristas de aplicativos envolvidos no esquema ou por outro integrante da quadrilha que usava o carro que locava para a Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc).
Leia Mais
Áudios revelam quadrilha planejando e cooptando integrantes para roubos a ônibus
Presa quadrilha que dava choques em vítimas durante assaltos a ônibus
Justiça manda soltar mais de 80 presos pela Operação Clivium
Festa
A investigação revelou outros fatos inusitados, como a postagem de fotos pelo grupo em uma rede social comemorando a realização de dois roubos em uma mesma noite.
Outro fato diz respeito a uma mulher que estava embarcando, em maio, em um ônibus de Guaíba no centro de Porto Alegre. Momentos antes de subir no veículo, ela teria falado com o motorista sobre segurança e este mostrou fotos do casal suspeito de assaltar coletivos. Carraro diz que, para surpresa da mulher, naquele dia e horário, a dupla que estava na foto se aproximou do coletivo e o ônibus foi assaltado.
Fasc
Em nota, a FASC afirma que colaborou com a investigação e cancelou os contratos de aluguel com a empresa envolvida.
"Tão logo a Fundação de Assistência Social e Cidadania - FASC tomou conhecimento pela Polícia Civil que um dos carros locados poderia estar sendo utilizado para a prática de assaltos, a gestão prontamente colaborou com a investigação – que ocorria de forma sigilosa - e, no mesmo momento, tomou providências que resultaram no rompimento de todos os contratos com a empresa envolvida e outras que tinham conexão a ela, sofrendo uma baixa de 10 veículos que prestavam serviços nas unidades da FASC."
