A imprensa internacional acompanha os movimentos relativos à votação do pedido de ação penal contra o presidente Michel Temer por corrupção, programada para começar nesta quarta-feira (2), na Câmara dos Deputados. A sessão na Casa tem de contar com a presença de 51 deputados para ter início, mas a votação só poderá começar quando ao menos 342 registrarem presença no plenário. Para barrar o seguimento da ação, Temer precisa do apoio de ao menos 172 dos 513 parlamentares.
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O jornal britânico The Guardian afirma que essa é a segunda vez, em um ano, que os legisladores vão votar se afastam o presidente da República: "O último toque no pesadelo político brasileiro marcará a segunda vez em um ano que os legisladores votarão se removem um presidente", diz um trecho da publicação.
No decorrer da reportagem, assinada pelo jornalista Dom Phillips, o jornal informa o rito da sessão e o que é necessário para dar seguimento ao processo. A publicação também contextualiza a situação que desencadeou a ofensiva do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra Temer, no âmbito da Operação Lava-Jato. No texto, é citada a gravação da Polícia Federal (PF) que flagrou o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures, ex-assessor especial do presidente, recebendo uma mala com R$ 500 mil.
O jornal argentino Clarín abre a reportagem sobre a votação na Câmara destacando como vai ser o cenário de Brasília durante a sessão: "Com o Congresso protegido por contingentes policiais e cercado por toda parte, os deputados brasileiros se preparam para votar na quarta-feira se permitem ou não o Supremo Tribunal investigar o presidente Michel Temer por corrupção", diz um trecho do texto, assinado pela jornalista Eleonora Gosman, correspondente da empresa no Brasil.
Eleonora também se preocupa em explicar o rito e o que é necessário para a sessão transcorrer normalmente. A publicação destaca que a vitória de Temer na votação é o cenário "mais realista". A reportagem cita as articulações do presidente e sua base aliada para angariar votos favoráveis na Casa, manobra que ganhou força na última semana, quando Temer foi para o corpo a corpo. "Os líderes do partido de Temer, PMDB, deram a ordem: "Tudo a votar contra a queixa", escreve a correspondente, ressaltando que quem não seguir as orientações dos caciques vai "sofrer as consequências".
"Congresso do Brasil debate se Temer é afastado por seis meses". Essa é a manchete do jornal espanhol El País sobre o caso. A reportagem destaca que o trâmite é um teste decisivo para o peemedebista. O El Pais também afirma que, ao contrário do processo de impeachment contra Dilma Rousseff, Temer não é pressionado por fortes protestos nas ruas do país:
" (...) a falta de uma alternativa clara para o atual presidente age como elemento de desmobilização", diz um trecho do material do jornal espanhol.
Os jornais americanos The New York Times e Washington Post utilizaram matéria da agência de notícias Associated Press para noticiar o fato. O texto destaca que agosto não tem sido um mês bom para presidentes brasileiros nos "tempos modernos", fazendo referência ao impeachment de Dilma Rousseff (31 de agosto de 2016), ao suicídio de Getúlio Vargas (24 de agosto de 1954), à renúncia de Jânio Quadros (25 de agosto de 1961), à morte de Juscelino Kubitschek (22 de agosto de 1976) e ao dia em que comissão da Câmara aceitou texto que incriminou o então presidente Fernando Collor em uma CPMI, às vésperas do processo de impeachment (26 de agosto de 1992).
"Temer está enfrentando seu próprio confronto de agosto – um voto na Câmara na quarta-feira sobre se ele deve ser suspenso e julgado (...)", diz a reportagem.
A publicação cita os fatos que embasaram a denúncia apresentada por Janot ao STF. O texto também explica o rito, destacando que o voto será presencial e ao microfone da Casa, expondo os deputados fiéis ao chefe do Executivo nacional.
*Zero Hora