Durante o Sala de Redação desta quinta-feira (20), integrantes do programa prestaram homenagens a Paulo Sant’Ana, que por quatro décadas compartilhou com os colegas os microfones da Rádio Gaúcha. O colunista morreu na quarta-feira, aos 78 anos, em Porto Alegre, vítima de uma parada cardíaca.
Sob o comando de Pedro Ernesto Denardin, os comentaristas Diogo Olivier, Duda Garbi, Guerrinha, Zé Vitor Castiel e Luiz Carlos Silveira Martins, o Cacalo, foram unânimes ao sintetizar o que a morte de Sant’Ana significa para a comunicação do Estado: foi-se um gênio.
– O Sant’Ana é diferente de tudo. Ele foi apenas dar uma volta. Logo ele vai voltar – comentou Guerrinha.
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Para Pedro Ernesto Denardin, Sant’Ana é o grande nome do Sala de Redação. O comentarista passou a integrar o programa logo após o lançamento, em 1971, sob comando de Cândido Norberto.
– Ele fez falta, faz falta e fará falta – declarou Denardin, que, durante o programa, relembrou muitas passagens marcantes e histórias polêmicas de Sant’Ana.
– O Ronaldinho Gaúcho fez um gol no Gre-Nal e ele (Sant’Ana) entrou na cabine, onde eu narrava o jogo, e começou a gritar “é o Pelé, é o Pelé”. Outro momento pitoresco foi quando Sant’Ana entrou no estúdio fumando, e o Flávio Alcaraz Gomes pediu para ele não fumar. E ele foi lá e apagou o cigarro no peito do Flávio – contou Pedro.
Cacalo lamentou a perda do colega, com quem conviveu por 13 anos, diariamente, no Sala de Redação.
– Era um amigo leal, um gremista fiel e um gênio da comunicação – definiu.
O ex-presidente gremista também relembrou histórias e detalhou os inúmeros jantares na companhia do colega.
– Em 1961, eu assistia ao Gre-Nal, e o Grêmio ganhou de virada, por 3 a 2. Lembro que o Sant’Ana ficou enlouquecido. Se vestiu de Papai Noel azul e entrou no campo para comemorar. Aquilo mexeu com a minha alma e com meu coração gremista. Mas também mexeu com a alma e o coração de todos os gremistas – relembrou.
O colunista Diogo Olivier, que conviveu 26 anos com Paulo Sant’Ana na redação de Zero Hora, definiu o jornalista como múltiplo.
– A história do Rio Grande do Sul se confunde com a de Paulo Sant’Ana, tamanha sua importância para o Estado. Com certeza não tinha ninguém como ele. Era quase uma capacidade mediúnica para saber o que seria notícia no outro dia. Essa capacidade de homem de comunicação era genial. A coluna dele era uma relação de amor. Por isso que eu prefiro pensar que ele continua aqui – explicou.
Duda Garbi, que desde 2014 criou o “Santaninha”, falou emocionado sobre a relação que criou com os fãs de Paulo Sant’Ana por meio do personagem.
– Desde a noite de quarta-feira, quando tivemos a notícia da morte do Sant’Ana, recebi inúmeras mensagens de ouvintes, leitores e telespectadores dele. De alguma forma as pessoas criaram laços comigo, como se eu fosse um canal de mensagem para o próprio Paulo Sant’Ana. Devo muito a ele. Sou de uma geração que aprendeu a ler o jornal de traz pra frente por sua causa – explicou.
Em meados de outubro de 1971, o jornalista Cândido Norberto convidou Paulo Sant’Ana, na época com 32 anos, para a primeira participação no recém-criado Sala de Redação. No programa, polemizava com seus comentários sobre o Grêmio.
Eram comuns as brigas e discussões com os colegas Ruy Carlos Ostermann, Lauro Quadros, Kenny Braga, Wianey Carlet e David Coimbra. Apesar das desavenças, conforme relatam os colegas, em algum momento Sant’Ana se apaziguava com os integrantes do programa, como se nada tivesse acontecido.
– As brigas são reais. O que não é real são as reconciliações – relembrou Guerrinha sobre o que Sant’Ana dizia quando os ouvintes duvidavam da veracidade das discussões.