A oscilação nas temperaturas registrada no Rio Grande do Sul nas últimas semanas vem preocupando os produtores gaúchos. A falta de frio contínuo pode colocar em risco a safra deste ano, principalmente as produções de uvas, maçãs e pêssegos – que dependem das baixas temperaturas.
De acordo com Enio Ângelo Todeschini, assistente regional da Emater na área de fruticultura, o quadro é preocupante na Serra gaúcha, que reúne a maior área de produção de frutas do Estado.
– Nós estamos tendo piques de frio no inverno. É uma grande bagunça meteorológica – lamenta.
Para o engenheiro agrônomo, além da pouca quantidade de dias com baixas temperaturas, outro problema é a “qualidade” desse frio.
– Fica uma grande interrogação do que vai ser dessa safra. Estamos revivendo 2015, que foi um terror – afirma, lembrando o ano em que só a produção de uva teve uma queda de 57%.
Já em 2016, as safras de frutas do Rio Grande do Sul foram consideradas as melhores da história. E, segundo Todeschini, isso só foi possível pelo inverno regular registrado no período.
Mas tem quem ganha
Enquanto o fruticultor gaúcho se preocupa com o futuro, os produtores de grãos comemoram os resultados apresentados até agora. De acordo com Claudio Dóro, assistente técnico regional da Emater na área de culturas, a oscilação nas temperaturas não está sendo prejudicial à plantação de trigo, cevada e aveia.
Na região de Passo Fundo, que concentra boa parte dessas culturas, as plantas estão na fase de crescimento e, neste estágio, são tolerantes a alterações no clima.
– O que estressa a lavoura é a falta de umidade ou o excesso de chuva – explica.
Dóro salienta que a oscilação só seria nociva se ocorresse na fase posterior, conhecida como espigamento.Quem também não precisa calcular danos são os produtores de arroz. Isso porque o inverno é a entressafra: a colheita foi feita em maio, e a próxima plantação será em outubro.