Em meados do século passado, quando se cogitava sua candidatura à Presidência da República, Oswaldo Euclydes de Souza Aranha (1894–1960) foi definido como "líder de cinco revoluções brasileiras" por um jornal norte-americano. O cômputo incluía quatro escaramuças rio-grandenses – em 1923, 1924, 1925 e 1926, nas quais combateu como chefe da facção governista de Borges de Medeiros e Getúlio Vargas – e o levante de 1930, que pôs fim à República Velha e instalou o varguismo no poder central.
Observadores nunca deixaram de notar o contraste entre o alto, falante e charmoso Aranha e o miúdo, gorducho e enigmático Vargas. Até o suicídio do segundo, em 1954, comporiam uma das mais bem-sucedidas duplas da história política brasileira. Em prejuízo do primeiro, diriam seus admiradores: a falta de apetite pelo poder pessoal o teria impedido de desafiar a supremacia do chefe, a cuja sombra permaneceu até o enterro em São Borja.
Ainda assim, o aval de Vargas rendeu-lhe participação em episódios como a entrada do Brasil na II Guerra Mundial ao lado dos Aliados e a presidência da Assembleia Geral das Nações Unidas que aprovou a partilha da Palestina entre árabes e judeus, em 1947.
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Aranha acaba de receber uma importante homenagem em livro de um de seus netos, Pedro Corrêa do Lago. Em Oswaldo Aranha – Uma Fotobiografia (Ed. Capivara, 412 páginas, R$ 70), o editor reúne fotos e memorabilia num conjunto em que se combinam luxo e minúcia. Mais defesa convicta de uma trajetória política do que balanço crítico, a obra é ainda assim irresistível para os que se interessam pelo Brasil do século 20.
Confira, a seguir, alguns registros e imagens históricas relembradas pelo volume.