Já virou motivo de piada entre os moradores do Prado, em Biguaçu, município da Grande Florianópolis: a unidade de saúde do bairro foi construída sem acessibilidade para pacientes, médicos ou qualquer tipo de pessoa. Isso porque as portas para entrar no prédio estão a mais de cinco metros de altura.
A unidade de saúde da comunidade do Prado fica num terreno acidentado na Rua 13 de Maio, ao lado da escola Donato Alipio de Campos, a 5 km do Centro da cidade. O prédio começou a ser erguido em junho de 2014. Deveria ter sido entregue em dezembro daquele ano. O custo da obra, R$ 517.616,79, foi bancado pelo Governo Federal. No entanto, dificuldades relativas ao atraso de repasses e à condição do solo, formado por rochas, fizeram a obra atrasar e aumentar o custo em R$ 42 mil. Em setembro do ano passado, o trabalho parou, sem que fosse construído o acesso às portas "flutuantes".
Nesse tempo, o prédio sofreu depredação. O vidro das portas – lá no alto – foi quebrado, e algumas paredes estão com rachaduras. Professores da escola também reclamaram que a obra impactou a trilha ecológica dos alunos.
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O comerciante Gabriel Hoepers de Souza, 25 anos, tem uma loja em frente ao futuro posto de saúde. Ele conta que, sentado no balcão, consegue observar de vez em quando algumas pedras rolarem por conta da erosão. Segundo o jovem, no local havia uma nascente, e em dias de forte chuva a rua fica tomada pelo barro. Fora que a população segue aguardando o serviço de saúde.
– Quem precisa de atendimento aqui tem que ir até o Centro. E o nosso bairro é carente, muita gente não tem carro e temos muitos idosos. Já estamos há seis anos sem posto, desde que o último foi fechado – reclama.
Prefeito promete entregar obra neste ano
A prefeitura destaca que a unidade de saúde do Prado irá beneficiar os 7.091 moradores do bairro cadastrados em duas equipes de saúde da família, além de desafogar o posto do Centro. O município ainda busca no Ministério da Saúde a habilitação de mais uma equipe para atender na unidade, que, segundo o prefeito Ramon Wollinger (PSD), deve inaugurada ainda neste ano.
Conforme Ramon, apesar de estranho, o projeto original já previa a instalação de um elevador, que inclusive já foi comprado. Junto com demais equipamentos e mobiliário. O prefeito explica que aquele era o único terreno disponível.
– Hoje está esquisito. A porta está flutuando, mas a fachada vai mudar. No dia 7 de junho será aberta a licitação para a construção do elevador. E além do elevador, haverá também uma escadaria. O bairro é numa região de morros, e por isso infelizmente a obra teve de ser desse modo.
Ramon argumenta que para o posto ser acessível a cadeirantes, idosos e demais pessoas com necessidades especiais, o elevador foi a melhor solução, pois uma rampa ficaria muito íngreme. O prefeito diz ainda que o elevador e a escadaria serão instalados sem custos para o município, pois o recurso virá por meio da contrapartida de uma empresa que construiu um empreendimento imobiliário próximo do posto.
Apesar de admitir que o acesso é ruim, Ramon Wollinger destaca que a localização é boa e pretende inaugurar o local ainda em 2017.
– Não adianta olhar para trás e achar culpado. Eu fui eleito para achar a solução. Esse atraso está causando desconforto na população, mas eu sou o biguaçuense mais chateado com aquela obra parada. Eu quero inaugurar esse posto até o final do ano.
*Hora de Santa Catarina