A vinda do diretor jurídico da Federação Nacional dos Médicos (Fenam), Eglif de Negreiros Filho, para Caxias do Sul é mais uma tentativa de negociação da classe médica com Daniel Guerra (PRB) para resolver a greve que dura mais de 40 dias. Durante o período de paralisação no Sistema Único de Saúde (SUS), mais de 13 mil consultas já foram canceladas. Eglif e representantes da comissão de greve dos médicos fizeram uma coletiva de imprensa na Associação Médica Caxias do Sul (Amecs) na manhã desta quinta.
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Eglif chegou a Caxias na quarta e afirma que tentará, entre quinta e sexta, uma reunião com o prefeito. Sabe que será uma tarefa difícil, mas acredita que somente com diálogo a questão poderá ser resolvida:
– Caxias vive um momento muito delicado, a população está sofrendo. Nós, médicos, estamos abertos para negociação desde o início, mas o que me disseram é que o outro lado (prefeitura) não está. Não dá para ser assim. Não queremos guerra, queremos diálogo com o prefeito.
Sobre a visita de Daniel Guerra ao Postão 24 Horas na terça-feira, durante atividade do gabinete itinerante, Eglif diz que o gestor municipal está no seu direito, mas que constrangimentos à classe médica durante a permanência dele no local serão investigados. André Pormann, representante da comissão de greve, confirma a informação e adianta que há possibilidade de um processo ser aberto na Justiça contra Guerra, caso algo seja provado:
– Vamos ver as gravações que foram feitas no dia e, a partir daí, tomaremos alguma decisão. Ou não.
A médica Geslainer França, no entanto, acredita que a presença do prefeito no Postão 24H intimidou os colegas durante o trabalho. Ela afirma que não estava no local no momento, mas que ouviu relatos impressionantes:
– Ele criou um ambiente de pânico lá dentro. Como os médicos ficaram com essa pressão sem fundamento? Como atender uma criança nervoso? Ele deveria ver que as unidades básicas estão sem medicamentos, que faltam médicos para atender no Postão, não fazer um circo. Ele foi lá e fará alguma coisa com aquela situação? Contratará mais médicos? Porque ali no Postão os profissionais não estão fazendo greve. Ali faltam médicos mesmo.
Pormann afirma que o poder público, depois da visita de Guerra no Postão na terça, não sinalizou propostas de melhorias no lugar.