Atingido por um incêndio no começo da tarde desta quinta-feira, o Asilo Santa Isabel, em Vacaria, foi quase todo destruído. Duas idosas, identificadas como Alzira Melo dos Santos, 76 anos, e Silvonia Borre, 64, não conseguiram ser resgatadas e morreram. Segundo os Bombeiros, elas estavam na parte superior do prédio, dentro de banheiros, e teriam morrido por inalação da fumaça. Os demais 45 moradores do local foram retirados e levados com vida para o Centro de Treinamento de Motoristas. As chamas foram controladas por volta das 16h e, até as 17h desta quinta, os corpos das duas mortas ainda não tinham sido retirados do asilo.
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Mais de 70% do prédio, de acordo com funcionários que trabalham no asilo, foi consumido pelo incêndio. Uma equipe do Instituto-Geral de Perícias (IGP) se deslocou para Vacaria para analisar as causas do incidente. Bombeiros de São Marcos também ajudaram a atender a ocorrência.
Conforme a assistente social do estabelecimento, Cristiane Siota, a suspeita é que as chamas tenham começado no andar superior, onde ficam os dormitórios femininos:
– Muitos voluntários auxiliaram no resgate dos idosos. Infelizmente, perdemos muitos dormitórios, a capela, a cozinha, a dispensa e o refeitório. Não sabemos como teve início o incêndio.
O comandante do Corpo de Bombeiros de Vacaria, sargento Luciano Mayer, afirma que, pela cinemática da ocorrência, o fogo começou mesmo na parte superior do prédio:
– Mas ainda não conseguimos precisar onde exatamente.
Equipes dos Bombeiros, da Defesa Civil, Brigada Militar, Polícia Civil e do Exército agiram rápido num trabalho conjunto e impediram que as chamas se alastrassem e atingissem um abrigo para crianças, anexo ao asilo. Mais de 20 foram retiradas em segurança.
– Vamos analisar, a partir do trabalho pericial, as possíveis causas. Agora não há como especular precisamente e investigaremos no inquérito – afirma o delegado Vitor Fernando Boff.
Adaídes Silveira dos Santos, 71, mora há 14 anos no Asilo Santa Isabel e, na hora do incêndio, estava no hospital acompanhando um amigo. Ele ficou sabendo da tragédia pelo rádio e correu para a antiga moradia.
– Eu fui ver se meus tarecos estavam lá ainda. Felizmente o pessoal conseguiu salvar as minhas coisinhas ou eu ficaria somente com a minha roupa do corpo – lamenta o idoso.
Pessoas ligadas ao asilo, mas que não são funcionárias e que não quiseram se identificar, afirmam que o estabelecimento estava em condições precárias há bastante tempo. Houve um princípio de incêndio no asilo há cerca de um mês. Havia também uma preocupação grande com a maneira com que os idosos eram mantidos na instituição: homens e mulheres dormiriam nos mesmos espaços, o que não seria recomendado.
– Infelizmente é uma tragédia anunciada – diz uma das pessoas que não quis se identificar.
Os sobreviventes precisam de doações, que podem ser encaminhadas para o CASF e o AMA, em Vacaria. Os principais itens necessitados são alimentos, fraldas, roupas, água e roupas de cama. Ainda não foi definido um novo local para moradia dos idosos, que seguirão provisoriamente no Centro de Treinamento de Motoristas e nas casas de familiares. O espaço tem infraestrutura básica para atender aos idosos, com dormitórios e banheiros. Diversos voluntários estão se mobilizando para adequar o lugar.
A maioria dos moradores do asilo sofre de doenças mentais e foi deixada pelas famílias no local, que é público. A maior parte deles é de municípios da região de Vacaria. Eles tomam remédios controlados e as medicações foram salvas.