Valendo-se do dia ensolarado e de temperatura amena em Caxias do Sul, a primeira edição da Feira Sem Fronteiras atraiu centenas de famílias à Praça das Feiras, no bairro São Pelegrino, neste domingo. Das 10h até as 17h, a visitação aos 35 gazebos foi satisfatória para os mais de 180 expositores que ocuparam os espaços. A questão que se coloca para o futuro é: qual a periodicidade ideal para a repetição do bazar, cuja proposta inicial é de se realizar uma vez por mês?
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Entre os expositores, as opiniões se dividem. A artesã Nildete da Silva, 66 anos, que confecciona peças de decoração para quartos de bebês, considera que a repetição mensal do evento é o ideal, por considerar que o público tem por hábito visitar as feiras no primeiro fim de semana após receber o salário.
_ A feira deve ser feita sempre no primeiro domingo após o pagamento dos trabalhadores. Eu exponho há 15 anos e sei que o movimento é todo nesse dia. É claro que, para quem não tem outros espaços na cidade para trabalhar, deveria ser permitido usar essa praça mais vezes. Mas não adianta fazer a feira todo domingo, ou dois domingos por mês, e ficar aqui só por bonito _ analisa a artesã.
Feirante há mais de 20 anos, Nedi Vieira, 58, acredita que a feira deveria ser semanal, por duas razões principais: ajudar a criar o hábito de frequentar a praça aos domingos, e não depender tanto do clima, que nem sempre será favorável como neste fim de semana.
_ Acho que deveria ocorrer todos os domingos, para que a população crie o hábito de vir passear aqui. Além do mais, Caxias tem o problema do clima. Se no dia reservado para a feira estiver chovendo, a pessoa pode ficar dois meses sem vir, e vai esquecendo que ela existe. Quando ela vai ver, era no domingo passado e ela não se deu conta. Se for toda semana, sempre com apresentações, o povo vai se acostumando a frequentar a praça _ opina.
Senegaleses
Uma das razões para a prefeitura ter criado a Feira Sem Fronteiras foi permitir aos imigrantes estrangeiros que trabalhavam com comércio ambulante no centro da cidade ter um lugar para vender seus produtos. Enquanto alguns ainda optam por arriscar sofrer o flagra da fiscalização nas ruas centrais, aqueles que optaram por participar da feira em São Pelegrino aprovaram a experiência. Contudo, creem que um dia por mês é muito pouco para eles, que dependem desse comércio para se sustentar.
O senegalês Serigne Sarr, que vende roupas e é um dos imigrantes cadastrados como Microempreendedor Individual (MEI) pela prefeitura, avalia que dois dias de feira por mês seria o ideal.
– O problema para mim e meus colegas que também vivem de vendas é que precisamos ir para outras cidades durante a semana, porque não nos deixam mais vender na rua. Eu vendo em Flores da Cunha, Veranópolis, São Leopoldo...mas como precisamos pagar a passagem, fica caro. Seria melhor poder ficar em Caxias – salienta.
Quem visitou, aprovou
Aposentada, a moradora do bairro Pioneiro Helena Machado, 70 anos, aproveitou o domingo para levar os netos Carlos Eduardo Santos, 11, e Caroline Santos, 7, para passear pelo centro. O programa começou pela igreja de São Pelegrino, que a jovem dupla ainda não conhecia, continuou com um sorvete no shopping e depois seguiu rumo à Praça das Feiras.
– Eu achei muito interessante, até me surpreendi positivamente. Tem um espaço grande pra circular, tem um bom lugar na sombra para sentar se a gente fica cansada, tem distribuição de água se der sede. Valeu bastante a experiência. Se passarem a fazer esse evento todo domingo, voltaremos mais vezes com certeza – elogia a idosa.
Moradora do bairro São Pelegrino, a psicóloga Jaqueline Bonassi, 38, elogiou a diversidade de opções oferecidas nos gazebos e a boa conservação do ambiente, que favorece a visitação. Ela considera que a repetição mensal da feira seria ideal.
– Gostei bastante dos artesanatos em lã, que têm bem a cara da região, o espaço para os senegaleses também é muito bacana, pra eles não terem de ficar vendendo nos faróis. Acho que se a feira fosse feita toda a semana poderia saturar um pouco. Uma vez por mês acho que fica legal.