Em acordo de delação premiada firmado com a Justiça, Mônica Moura, que trabalhou ao lado do marido, João Santana, em campanhas políticas dos ex-presidentes Luis Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, afirmou que recebeu dinheiro vivo em caixas de sapatos referente a pagamentos para a campanha de reeleição de Lula durante o escândalo do mensalão.
Leia mais:
Lula e Dilma sabiam de caixa 2, dizem ex-marqueteiros do PT
Perfil "Dilma Bolada" foi pago com dinheiro de propina, diz marqueteira
Delcídio acertou caixa 2 em sauna, diz casal de marqueteiros do PT
De acordo com a delação de Mônica, na época, a campanha de Lula teve custo total de R$ 24 milhões, para os dois turnos. Desse montante, cerca de R$ 10 milhões seriam pagos de maneira não oficial – metade do valor foi repassado em espécie por Palocci. O restante seria pago pela Odebrecht via transferência no Exterior.
De 2006 a 2007, Mônica teria viajado diversas vezes para São Paulo "com o intuito de receber os R$ 5 milhões repassados por Palocci". Segundo a delatora, os valores foram entregues "dentro de caixas de roupas e de sapatos".
"A entrega era feita, usualmente, dentro do shopping Iguatemi, na loja de chá Tee Gschwendner, por Juscelino Dourado, a pedido de Antonio Palocci. Dourado entregava sacolas com os valores em dinheiro acondicionados em caixas de roupas, de sapatos, etc. Foram pagos desta maneira, de forma parcelada, cerca de R$ 5.000.000,00 (cinco milhões de reais)", informa um trecho do acordo de delação.
Conforme Mônica, o ex-presidente sabia dos repasses oficiais e irregulares:
"O Presidente Luis Inácio Lula da Silva sabia do valor total da campanha – tanto o que seria pago oficialmente e o que seria pago por fora –, porque Antonio Palocci relatou a Mônica Moura diversas vezes, durante a negociação, na fase de discussão sobre valores, que tinha que falar com o Lula, porque o valor era alto, e ele não tinha como autorizar sozinho. Depois, na última reunião de fechamento, voltou dizendo que o valor da campanha (total) tinha sido autorizado pelo Presidente", diz um trecho do documento liberado pelo ministro Edson Fachin.
Os pagamentos em dinheiro teriam o objetivo de dificultar o rastreamento das transações irregulares.
*Zero Hora