O ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) Luciano Coutinho é um dos alvos da Operação Bullish, que investiga a empresa de carne JBS e o ex-ministro Antonio Palocci em fraude em aportes concedidos pela instituição. A polícia tinha um pedido de condução coercitiva para levar Coutinho para depor, mas o mandado não foi cumprido, uma vez que ele está no Exterior.
Os aportes concedidos pelo BNDES tinham como objetivo a aquisição de empresas também do ramo de frigoríficos no valor total de R$ 8,1 bilhões. Segundo as investigações, as transações foram executadas sem a exigência de garantias, gerando prejuízo de aproximadamente R$ 1,2 bilhão aos cofres públicos.
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Na ação, os agentes cumpriram 37 mandados de condução coercitiva e 20 de busca e apreensão no Rio de Janeiro e em São Paulo. A Justiça Federal em Brasília determinou o cumprimento de mandados de busca e apreensão nas casas de Joesley e Wesley Batista, donos da JBS, mas negou o pedido de prisão dos irmãos sob o argumento poderia "abalar ainda mais a já afetada imagem" da empresa. Foi ordenada, alternativamente, a apreensão dos passaportes de investigados.
A 10ª Vara da Justiça Federal, em Brasília, considerou que há indícios de irregularidades graves. "Os fatos indicam ao menos uma atuação temerária e incompatível com a prudência que operações desse porte estão a requerer, havendo, talvez, a configuração de crime de gestão temerária, cuja pena também é elevada (de dois a oito anos)", diz trecho da decisão que autorizou as medidas.
O documento destaca que há indícios também de corrupção, citando delação premiada do ex-vice-presidente da Caixa Fábio Cleto, que relatou à Lava Jato suposto pagamento de propina, pela JBS, ao ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha.A decisão cita também o fato de o grupo ser grande financiador de partidos políticos, "uma vez que a lógica dessa doação seria a de obter facilidades posteriores".
Levanta ainda a possibilidade de os novos rearranjos na estrutura social do grupo terem como propósito a lavagem de dinheiro.Os investigados tiveram bens bloqueados. Os irmãos Batista, que já são alvo de outras operações, estão proibidos de fazer mudanças na estrutura de suas empresas e de abrir novas companhias no Brasil e no Exterior.