Ao discursar durante a abertura da etapa estadual do Congresso do PT, em São Paulo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que está com mais "tesão" para ser novamente candidato à Presidência da República do que estava antes.
– Agora com 71 anos, eu tô com mais tesão para ser candidato do que eu tava antes – disse Lula, dirigindo-se ao presidente nacional do partido, Rui Falcão.
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Ele disse ainda que, se quiserem que ele seja impedido de ser candidato, visto que é réu em processos da Lava-Jato, terão de competir com ele na Justiça e nas ruas.
– Se quiserem me pegar neste país, evitar que eu seja candidato, vão ter que competir comigo andando nas ruas desse país e conversando com o povo – falou.
Lula declarou que vai brigar na Justiça e que a Operação Lava-Jato está "destruindo a política" ao fazer com que jovens tenham ódio da política.
A cinco dias de prestar seu depoimento ao juiz Sergio Moro, em Curitiba (PR), Lula repetiu que duvida que haja um empresário que diga ter recebido um pedido de dinheiro dele.
– Se aparecer alguém neste País, pode ser pequeno, médio ou grande, que diga que um dia o Lula pediu 10 reais para ele, depositou ilegal na minha conta, eu terei a honradez de chegar para vocês e dizer: eu não sou candidato porque eu não fui honesto com vocês – disse o petista.
O ex-presidente afirmou que não vai permitir que "continuem mentindo" a respeito dele.
Ao falar das pesquisas eleitorais, que o colocam como favorito para vencer as eleições presidenciais de 2018, o ex-presidente disse que é como um pé de mandacaru, que "cresce na seca".
O presidente nacional da legenda, Rui Falcão, afirmou que o adiamento do depoimento de Lula na Lava-Jato, do dia 3 para o dia 10 de maio, ocorreu para desmobilizar os militantes, que farão uma manifestação em Curitiba, e para levantar delatores que digam coisas sobre Lula.
Nesta sexta-feira, o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque afirmou em depoimento a Moro que o ex-presidente "tinha pleno conhecimento de tudo, tinha o comando" do esquema de corrupção instalado na estatal petrolífera.
– É possível que até dia 10 surjam novos depoimentos tentando forjar uma prova contra Lula – disse Falcão.
Doria
O ex-presidente atacou o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), a quem chamou de "almofadinha" e o criticou pelo slogan usado durante a campanha municipal em São Paulo, no ano passado, quando venceu as eleições do ex-ministro de Lula e então prefeito Fernando Haddad (PT).
– Aqui em São Paulo, um almofadinha, um coxinha, ganha as eleições se fazendo passar junto ao povo mais humilde como João Trabalhador. Se algum dia vocês encontrarem com ele, perguntem se ele já teve na vida uma carteira profissional assinada.
Lula também criticou as reformas da Previdência e trabalhista propostas pelo presidente Michel Temer. Para o petista, as medidas não são reformas, são de "demolição."
Lula e Dirceu são defendidos em congresso
O ex-presidente e o ex-ministro José Dirceu (PT), que foi libertado nesta semana da prisão em Curitiba (PR), receberam apoio público durante a etapa estadual do Congresso do PT, na noite desta sexta-feira, na capital paulista.
O ex-presidente do Uruguai José "Pepe" Mujica também estava presente no evento.
Em seu discurso, Mujica classificou como "desgraça" a pulverização de partidos no Brasil e disse que é preciso diminuir a quantidade de legendas.
– Uma desgraça no Brasil é a atomização política. Não pode haver 30 projetos de país, estão loucos. Há dois projetos de país, e não mais. Três ou quatro, não muito mais – disse Mujica, que defendeu que o PT adote uma política de alianças, cuidando com quem vai se aliar.
*Estadão Conteúdo