A abertura de inquéritos contra nove ministros não deverá causar baixas imediatas na Esplanada. Embora o relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal, ministro Edson Fachin, tenha autorizado a investigação formal dos auxiliares do presidente Michel Temer, todos deverão permanecer no cargo até que a Procuradoria-Geral da República peça abertura de ação penal contra os suspeitos. Esse foi o critério adotado pelo presidente em fevereiro, quando fez um pronunciamento à nação para comentar o avanço da Lava-Jato sobre o governo.
- Se houver denúncia, o que significa um conjunto de provas eventualmente que possam conduzir a seu acolhimento, o ministro que estiver denunciado será afastado provisoriamente. Depois, se acolhida a denúncia e aí sim a pessoa, no caso o ministro, se transforme em réu - estou mencionando os casos da Lava Jato -, se transformando em réu, o afastamento é definitivo - disse Temer em 13 de fevereiro.
Na ocasião, Temer convocou a imprensa às pressas para afirmar que o governo não iria interferir nos rumos da Lava-Jato. O discurso presidencial, feito em tom de urgência, havia sido preparado após a repercussão negativa de uma sucessão de episódios que podem esvaziar as investigações.
À época, ele havia causado controvérsia ao promover o então secretário do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) Moreira Franco a ministro da Secretaria-Geral da Presidência. No novo cargo, Moreira Franco passou a contar com a proteção do foro privilegiado, o que lhe tirou do alcance do juiz Sergio Moro. Um dos mais fieis colaboradores de Temer, ele já havia sido citado como tendo recebido propina da construtora Odebrecht.
- O governo não quer blindar ninguém, e não vai blindar. Quero anunciar em caráter definitivo e talvez pela enésima vez que o governo jamais poderá interferir nessa matéria, que corre por conta da Polícia Federal inauguralmente, do Ministério Público e do Judiciário - afirmou Temer.