Ministro da Fazenda nos oito anos do governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), Pedro Malan defendeu políticas de justiça social e mecanismos de controle do gasto público ao abrir o painel "Perspectivas para o Brasil", nesta segunda-feira, no Fórum da Liberdade. Atual presidente do Conselho Consultivo Internacional do Itaú Unibanco, Malan não defendeu o "Estado mínimo" preconizado pelo ideário liberal dos organizadores do evento – o que talvez explique a escassez de aplausos em sua apresentação. Para o economista, mais importante do que o tamanho do Estado é sua eficiência, ao ressaltar que 20% dos mais ricos detêm 57% da renda nacional.
– Uma sociedade em que vale a pena viver é a que procura combinar liberdade de expressão e de empreender com essa busca por justiça social. O importante é a eficiência, a produtividade da economia – explicou.
Leia mais:
Gerdau, Marchezan e Presidência: o dia de Doria no Fórum da Liberdade
Doria discute com manifestante que o chamou de "golpista" em evento
Tucanos querem Doria na disputa pelo governo de São Paulo em 2018
Malan disse que o país é a terceira maior democracia urbana, atrás somente da China e da Índia, o que gera uma pressão enorme pela expansão do gasto público. Contudo, salienta, o Brasil já consome 12% do PIB com despesas previdenciárias, mesmo tendo apenas 10% de sua população com mais de 60 anos. Essa dicotomia, aliada à tentativa dos governos recentes de acelerar o crescimento com uma presença cada vez maior do setor público na economia, sobretudo atendendo demandas sociais e de infraestrutura históricas com aumento explosivo do gasto público, teria dado origem à atual recessão.
Ele disse que políticas adotadas no governo Fernando Henrique, como a abertura de espaços à iniciativa privada e a modernização da economia, foram mais eficazes, porém defendeu investimentos maiores em educação, para "diminuir as desigualdades na linha de largada".
– O Estado brasileiro sobrecarregou-se de incumbências, principalmente a partir de 2016. Só que o Estado não produz recursos. É preciso limites para a atuação do governo, e creio que a população está percebendo isso a duras penas.
Dividindo o painel com Malan, o economista Eduardo Giannetti da Fonseca foi mais além. Dizendo-se um "otimista cauteloso" em relação ao cenário de curto prazo da economia, Giannetti defendeu as reformas política, da Previdência e trabalhista e uma abertura cada vez maior do mercado brasileiro, "o terceiro mais fechado do planeta".
Citando o fracasso das políticas públicas essenciais, ele disse que o Estado brasileiro "está onde não devia e não está onde devia", para em seguida defender a descentralização dos recursos federais.
– Nossos resultados em educação, saúde, segurança e saneamento são deploráveis, não atendem às questões elementares de cidadania. Quase metade dos domicílios não tem nem sequer esgoto. É preciso retirar poder do governo central e dar mais poder ao governo local. Menos Brasília e mais Brasil – afirmou.
_______________
SERVIÇO
O que: 30º Fórum da Liberdade
Quando: segunda e terça
Onde: Centro de Eventos da PUCRS (Av.Ipiranga, 6.681 – Prédio 41)
Inscrições: forumdaliberdade.com.br
Quanto: R$ 60 para estudantes, R$ 120 para profissionais e R$ 280 para executivos
_______________
A PROGRAMAÇÃO
Segunda
15h – Palestra inaugural
João Doria (PSDB), prefeito de São Paulo
AdvertismentEnd of break ads in 28sYou can close Ad in 4 s
16h – Solenidade de abertura
17h30min – Perspectivas para o Brasil
Eduardo Giannetti, PhD em Economia pela Universidade de Cambridge
Pedro Malan, presidente do Conselho Consultivo Internacional do Itaú Unibanco
19h – Lançamento de projetos: Unconference e Ideias para o Brasil
Apresentador: Paulo Fuchs, vice-presidente do IEE
19h15min – Novos tempos
Diogo Costa, diretor do Instituto de Inovação & Governança (Indigo)
Fernando Holiday (DEM), vereador de São Paulo e coordenador nacional do Movimento Brasil Livre
Luciano Potter, jornalista do Grupo RBS
Terça-feira
9h30min – Empreender, criar e inovar
Felipe Camozzato (Novo), vereador de Porto Alegre
Marília Rocca, diretora-geral da Ticket Benefícios, grupo Edenred
Tom Palmer, vice-presidente de programas internacionais da Atlas Network, diretor do Centro para Promoção de Direitos Humanos e diretor da Cato University
11h – Lançamento do livro Pensamentos Liberais
11h20min – As origens da prosperidade
James Robinson, economista e cientista político
14h – Lançamento do documentário Poverty Inc.
14h10min – Economia: liberdade ou intervenção
Lawrence Reed, presidente da Foundation for Economic Education
Fabio Ostemann, mestre em Ciências Sociais e presidente Estadual do PSL/RS
Helio Beltrão, fundador-presidente do Instituto Mises Brasil
15h40min – Cultura da democracia
Eduardo Wolf, secretário adjunto da Cultura de Porto Alegre
Luiz Felipe Pondé, filósofo e colunista do jornal Folha de S.Paulo
Ricardo Gomes, secretário de Desenvolvimento Econômico de Porto Alegre
17h10min – Solenidade de entrega dos prêmios Liberdade de Imprensa e Libertas
Liberdade de imprensa: Felippe Hermes, do site Spotniks
Libertas: David Vélez, fundador e CEO do Nubank
18h10min – Os limites da democracia
Adriano Gianturco, professor de Ciência Política do Ibmec-MG
Jeffrey Tucker, diretor de conteúdo da Foundation for Economic Education
Marcelo Rech, vice-presidente Editorial do Grupo RBS