São sete os gaúchos que aparecem na Lista de Fachin – cinco políticos e dois executivos: o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha (PMDB); os deputados Marco Maia (PT), Maria do Rosário (PT), Onyx Lorenzoni (DEM) e Yeda Crusius (PSDB), além dos ex-diretores-presidentes da Trensurb Humberto Kasper e Marco Arildo Prates da Cunha.
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Confira o que pesa contra cada um dos gaúchos citados na lista de Fachin.
ELISEU PADILHA
Ministro-chefe da Casa Civil (PMDB)
O que dizem os despachos de Fachin: o ministro-chefe da Casa Civil é alvo de dois inquéritos. Em um deles, passa a ser investigado por haver "fortes elementos que indicam a prática de crimes graves, consistente na solicitação de recursos ilícitos em nome do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) e de Michel Temer, a pretexto de campanhas eleitorais". De acordo com as delações dos executivos José de Carvalho Filho, Cláudio Melo Filho, Marcelo Bahia Odebrecht, Benedicto Barbosa da Silva Júnior, Hilberto Mascarenhas Alves da Silva Filho e Paulo Henyan Yue Cesena, Padilha recebeu R$ 4 milhões da Odebrecht (quantia da qual R$ 1 milhão sairia para Eduardo Cunha), parte de uma propina total no valor de R$ 10 milhões, paga em conjunto ao ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República Moreira Franco (enquanto era Ministro da Aviação Civil). Em outro, passa a ser investigado por vantagens indevidas referentes à construção da linha 1 da Trensurb – entre Novo Hamburgo e São Leopoldo: de acordo com dois ex-dirigentes da empreiteira Odebrecht, Benedicto Junior e Valter Lana, Padilha teria solicitado o pagamento de 1% do valor do contrato (que tinha valor total de R$ 323,9 milhões), em decorrência de sua possível interferência no processo licitatório.
O que diz Padilha: por meio de sua assessoria de comunicação, o ministro afirmou que não vai se pronunciar sobre o caso no momento.
YEDA CRUSIUS
Deputada federal e ex-governadora do Rio Grande do Sul (PSDB)
O que diz o despacho de Fachin: a deputada e ex-governadora do Estado passa a ser investigada por corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. De acordo com as delações de Alexandrino Alencar, Benedicto Júnior e Valter Lana, todos executivos da Odebrecht, ela recebeu R$ 1,75 milhão durante as campanhas eleitorais de 2006 e 2010 para facilitar a recuperação de créditos de ICMS à Braskem, empresa controlada pela empreiteira – do total, R$ 800 mil foram declarados à Justiça Eleitoral e o restante por meio do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, o departamento de propinas da empreiteira.
O que diz Yeda: a deputada gaúcha, por meio de nota, afirma que transparência é fundamental, e aguarda o levantamento do sigilo das delações que embasaram a decisão do Procurador Janot e do Ministro Fachin. "Embora desconhecendo ainda as razões que o levaram a elaborar estas listas, considero fundamental tanto a Lava-Jato quanto o trabalho do Supremo para que os inquéritos hoje autorizados sejam feitos e concluídos com a celeridade requerida por mim e por toda a população brasileira, separando o joio do trigo e promovendo a Justiça de que tanto o país precisa", diz um trecho do comunicado.
MARCO MAIA
Deputado federal (PT)
O que dizem os despachos de Fachin: o deputado federal é alvo de dois inquéritos. Em um deles, passa a ser investigado por caixa 2 durante a campanha de 2014 à Câmara dos Deputados. De acordo com a delação de Cláudio Melo Filho, ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht,"teriam sido repassados R$ 1.350.000,00, com pagamentos feitos por meio do Setor de Operações Estruturadas do Grupo Odebrecht" durante a "campanha eleitoral do referido parlamentar, no ano de 2014, à Câmara dos Deputados". Em outro, passa a ser investigado por vantagens indevidas referentes à construção da linha 1 da Trensurb – entre Novo Hamburgo e São Leopoldo: de acordo com dois ex-dirigentes da empreiteira Odebrecht, Benedicto Junior e Valter Lana, Maia exigiu 0,55% do valor do contrato para ajudar a não "ter entraves" no negócio. Ele teria encontrado representantes da empreiteira num restaurante do Hotel Intercity em Porto Alegre, em 2008.
O que diz Maia: "São completamente mentirosas essas informações. Não há absolutamente relação minha de pedido de qualquer ilegalidade para ter qualquer benefício desta ou de qualquer outra empresa que tenha atuado no Rio Grande do Sul ou no país."
MARIA DO ROSÁRIO
Deputada federal (PT)
O que diz o despacho de Fachin: a deputada passa a ser investigada por caixa 2. De acordo com a delação de Alexandrino de Salles Ramos de Alencar, ex-diretor da Odebrecht, Maria do Rosário recebeu R$ 150 mil da empreiteira em 2010.
O que diz Rosário: Por meio de nota divulgada por sua assessoria de comunicação, a deputada afirma que a decisão do ministro Edson Fachin "é uma mera autorização do STF para apuração dos fatos sobre as delações da Odebrecht". No entanto, a parlamentar diz que "a citação de seu nome a deixa indignada. "Não me calarei frente a este episódio e não me afastarei um milímetro sequer das causas que acredito e que o nosso trabalho representa. Vou disponibilizar meus sigilos fiscal, bancário e telefônico ao STF tamanha é minha tranquilidade. Meu nome e minha vida não estão à disposição para serem enxovalhados por ninguém em nenhum lugar", diz a deputada no documento. Ela também divulgou um vídeo com seu posicionamento.
ONYX LORENZONI
Deputado federal (Democratas)
O que diz o despacho de Fachin: o deputado passa a ser investigado por caixa 2. De acordo com a delação de Alexandrino Alencar Alvo, ex-diretor da Odebrecht, Onyx recebeu R$ 175 mil durante a campanha à Câmara em 2006 – o acordo previa a atuação do deputado como "parceiro futuro nas suas atividades" e teria sido firmado em uma reunião em Porto Alegre.
O que diz Lorenzoni: em entrevista à Rádio Gaúcha, o deputado afirmou que nunca esteve com ninguém da Odebrecht e que desconhece as pessoas que o acusam. "Tenho absoluta tranquilidade dos meus procedimentos e vou em busca dos esclarecimentos. Se necessário, vou abrir mão do meu foro privilegiado. Devo isso aos meus eleitores, que confiaram em mim", disse o parlamentar gaúcho. Onyx ainda afirmou que, no caso do surgimento de provas, ele deixaria o cargo.
MARCO ARILDO PRATES DA CUNHA
HUMBERTO KASPER
Ex-diretores da Trensurb
O que diz o despacho de Fachin: o mesmo despacho que abre inquérito contra Eliseu Padilha e Marco Maia cita Marco Arildo Prates da Cunha e Humberto Kasper (ambos ex-diretores do Trensurb), que serão beneficiados pelo fato de serem investigados no mesmo procedimento dos políticos com foro privilegiado. Os quatro foram delatados por dois ex-dirigentes da empreiteira Odebrecht, Benedicto Junior e Valter Lana, em colaboração ao Ministério Público Federal (MPF). De acordo com o despacho, eles teriam participado da reunião no restaurante do Hotel Intercity, em Porto Alegre, em que Marco Maia teria pedido propina. Marco Arildo tem o apelido de "Sucessor" na lista da Odebrecht, enquanto Humberto Kasper é "Jornalista."
O que diz Humberto Kasper, ex-diretor-presidente da Trensurb: Kasper disse que não conhece o assunto e não sabe do que se trata. Por isso, não tem como se pronunciar.
O que diz Marco Arildo Prates, ex-diretor-presidente da Trensurb:
Por meio de nota, afirmou que o conteúdo da delação premiada que cita seu nome "não é verdadeiro". Marco Arildo Cunha diz que " a execução da obra de extensão da Trensurb seguiu e respeitou todas as condicionantes estipuladas pelo Tribunal de Contas de União". O ex-diretor da Trensurb destaca estar à disposição da Justiça e que "vai provar sua inocência".