No dia em que os detalhes das delações de executivos da Odebrecht envolvendo o nome do governador Raimundo Colombo (PSD) vieram à tona, o chefe do poder Executivo de Santa Catarina não foi encontrado para falar sobre o assunto. Por mais de três horas na noite desta quarta-feira, a reportagem do Diário Catarinense fez plantão em frente ao único acesso de veículos à Casa d'Agronômica, residência oficial de Colombo. Desde a chegada da equipe, às 18h, policiais na guarita e pessoas que deixavam o local repetiam "ele foi para Lages".
Em meio ao entra e sai de veículos, que segundo um policial militar na guarita era normal na rotina da residência oficial, a primeira-dama do Estado, Maria Angélica Colombo, chegou em um Toyota Corolla acompanhada de um segurança e uma amiga. Simpática, baixou o vidro do carro e perguntou "por que quando ele vai inaugurar obras, vocês não o esperam aqui?". Após a resposta da reportagem, sob o argumento de que a situação era excepcional, Maria Angélica afirmou que o marido estava em Lages.
Enquanto os guardas da Casa d'Agronômica se revezavam na guarita, cada um de plantão em turnos de duas horas, Maria Angélica deixou a residência pouco antes das 20h. Ao sair, novamente conversou com a reportagem. Reiterou que Colombo foi para Lages, "umas 17h", e não soube dizer se a viagem foi feita de carro ou avião.
Questionada sobre como estava o governador após ver seu nome envolvido em suspeitas de recebimento de dinheiro de caixa 2 para campanha eleitoral, explicou que ele estava tranquilo. Repetiu, ainda, algo dito por Colombo ao DC em 16 de dezembro de 2016, quando seu nome já havia sido relacionado às delações de executivos da Odebrecht: "Quem está na vida pública sabe que isso pode acontecer".
Sobre o que achava da situação, afirmou que não acompanha mais o noticiário. Falou que Santa Catarina está bem, "é um Estado em que as coisas andam", e por detrás disso podem estar as acusações contra seu marido e pai de seus filhos.
– As pessoas querem acertar árvores com frutos, ninguém chuta cachorro morto – comentou, antes de dizer que vai "rezar" e "tudo vai dar certo".
Na noite desta quarta-feira, havia a expectativa de que Colombo fosse à posse oficial do procurador-geral de Justiça, Sandro José Neis, indicado pelo pessedista para mais um mandato de dois anos à frente do cargo. A solenidade ocorreu no 1o andar da sede da Procuradoria, na Rua Bocaiúva, no Centro de Florianópolis, mas no fim da tarde a assessoria do governador comunicou que ele não iria ao evento. Em seu lugar, representando o Estado, compareceu o secretário de Segurança Pública, César Grubba.
Contrapontos
A assessoria de comunicação do Governo do Estado divulgou nota, em nome do governador e de todos os citados que trabalham no Executivo, em que "reafirma que não fez qualquer negócio ou fechou qualquer contrato com a Odebrecht e que a empreiteira não participou de nenhuma licitação desde o início do atual governo, em 2011. Destaca que todos os citados na delação ainda não tiveram acesso aos documentos liberados pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, nesta quarta-feira, e que, em momento e fórum oportuno estarão, como sempre estiveram, à disposição da Justiça para todos os esclarecimentos que forem solicitados".
Cesar Souza Jr disse por meio de assessoria que "jamais manteve qualquer relacionamento com a empresa citada".
Acesse os documentos da delação que envolve Raimundo Colombo:
Delação de Fernando Reis
Delação de Paulo Welzel
Petição
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