Em repúdio à lei da terceirização e às reformas da Previdência e trabalhista, as centrais sindicais se mobilizam para a greve geral marcada para esta sexta-feira, em todo o país. No Rio Grande do Sul, os sindicalistas preparam manifestações na Capital e no Interior e prometem parar trens e ônibus – estratégia utilizada para restringir a circulação de pessoas e, com isso, ampliar o alcance do protesto.
– Acreditamos que será a maior mobilização dos últimos anos – afirma o presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil no Estado (CTB-RS), Guiomar Vidor.
Na Região Metropolitana, usuários do trensurb devem se preparar para a possibilidade de ficar sem condução a partir da meia-noite. Em assembleia realizada no último dia 19 pelo Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Metroviários e Conexas do Estado (Sindimetrô-RS), a categoria decidiu cruzar os braços por 24 horas. Conforme o presidente da entidade, Luís Henrique Chagas, o objetivo é que nenhum veículo circule na data.
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– Estamos avisando os passageiros para que ninguém seja surpreendido – diz Chagas.
A Trensurb ingressou com medida cautelar no Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região para garantir operação. No fim da tarde desta quinta-feira, a Justiça determinou o funcionamento de 50% dos trens nos horários de pico.
Ainda na madrugada desta sexta-feira, segundo o presidente em exercício da Força Sindical-RS, Marcelo Furtado, haverá concentração em frente às garagens das principais empresas de ônibus que operam em Porto Alegre e em cidades próximas, entre elas Carris e Trevo. A intenção é bloquear a saída dos coletivos, com o apoio do Sindicato dos Rodoviários da Capital.
– Nenhum veículo vai sair das garagens na parte da manhã – diz o presidente do órgão, Adair da Silva.
A circulação de ônibus intermunicipais chegou a ser suspensa pelo Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), mas a decisão foi revista pelo secretário dos Transportes, Pedro Westphalen. Ele afirmou que, se houver bloqueios nas estradas estaduais, a liberação caberá à Brigada Militar.
Produtores ligados à Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Estado (Fetraf-RS) estarão acampados às margens de rodovias como a RS-122 e a BR-386 e planejam uma série de protestos (veja o quadro).
– Vamos fazer atos massivos nesses pontos. Nossa intenção é sensibilizar a sociedade para os equívocos da reforma da Previdência – diz Cleonice Back, coordenadora-geral da Fetraf-RS.
Outras entidades ligadas ao campo preparam manifestações em diferentes municípios, entre elas as federações dos Trabalhadores Assalariados e Assalariadas Rurais (Fetar) e dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag).
A possibilidade de paralisação se estende a mais setores. No que depender do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região (SindBancários), não haverá expediente em agências da Capital e de outros 15 municípios.
– Esperamos que a adesão seja tão forte quanto costuma ser nas nossas lutas salariais – enfatiza o líder da entidade, Everton Gimenis.
Presidente da Central Única dos Trabalhadores no Estado (CUT-RS), Claudir Nespolo cita ainda a participação de metalúrgicos – a GM deve parar – e de professores das redes pública e privada, na Capital e no Interior. Em coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira, na sede do SindBancários, Nespolo avaliou que, se a votação da reforma trabalhista proposta pelo governo de Michel Temer avançar no Congresso, a greve pode "incendiar".
– O que é parar um dia para quem pode perder direitos no futuro? É isso que está em jogo. A sociedade precisa acordar. Para ajudar, é só não sair de casa nesta sexta, até porque não vai ter transporte – afirma Nespolo.