A Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge) atribui a queda no número de beneficiários à crise econômica atravessada pelo país. A entidade, que diz estar há dois anos alertando para a situação, sustenta que o setor é diretamente impactado pelo aumento do desemprego e a queda na renda da população.
De acordo com a Abramge, entre 2015 e 2016 os planos de saúde perderam em torno de 2,5 milhões de usuários, que voltaram a depender exclusivamente do atendimento do SUS. Em nota, a entidade afirma que, para 2017, diante do cenário de crescimento modesto do PIB, a tendência "é de estagnação ou, na melhor das hipóteses, de ligeira elevação no número de beneficiários (até 300 mil vidas)". Mas pondera que o quadro é bastante volátil e pode ser melhor do que o inicialmente estimado caso o clima econômico melhore mais rápido do que o esperado.
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Pressão no bolso, fim de convênio
Até agosto do ano passado, toda a família da produtora cultural Rita Masini, 28 anos, contava com um plano de saúde. Mas a crise financeira e a turbulência no cenário político, com o impeachment da então presidente Dilma Rousseff, travaram os projetos e a captação de recursos no meio cultural. Segundo Rita, desde então, o que se vê é "um caos absoluto no setor".
A dificuldade de arcar com o custo do serviço, de cerca de R$ 500 mensais, fez com que a produtora cancelasse o convênio. Em seis meses sem a cobertura do plano de saúde, tiveram de recorrer uma única vez ao SUS, quando o filho mais novo dela, Nico, de dois anos, caiu e se cortou. Rita, que é casada com Magnus Viola, 38 anos, e tem outra filha, Leah, de cinco anos, conta que gostou do atendimento recebido na ocasião.
– Foi muito melhor do que os atendimentos particulares que precisei utilizar em Porto Alegre. Foi mais rápido, e os profissionais foram mais atenciosos. Pretendo voltar a contratar planos, principalmente para consultas e exames, pois nos dão uma certa comodidade, mas não tenho pressa. Ainda temos o Sistema Único de Saúde, com suas qualidades e defeitos – relata Rita.
Também foi por razões econômicas que a biomédica Amanda Phaelante Pinto, 29 anos, resolveu cortar o plano de saúde dela e do filho Matias Phaelante Pinto Rodrigues, de seis meses. Após um reajuste no final do ano passado, as duas mensalidades, juntas estavam beirando os R$ 500, mesmo sendo uma modalidade empresarial. Para cancelar o convênio, a jovem apenas aguardou passar o período de carência do novo plano do filho. Amanda espera poder contar com o sistema público, caso precise de atendimento médico.