O pensamento rápido de um comerciante de 42 anos frustrou a ação de dois assaltantes na manhã desta quarta-feira em Caxias do Sul. Na mira dos criminosos, a vítima dirigiu até o quartel da Brigada Militar e jogou o seu carro contra um policial militar. Os irmãos Adair da Silva Chaves, 47 anos, e Fernando da Silva Chaves, 28, foram presos em flagrante. O crime começou por volta das 8h, no bazar de propriedade do comerciante, no loteamento Mariani.
Os ladrões afirmavam saber que ele possuía uma grande quantidade em dinheiro. Após vasculhar a loja, os criminosos ordenaram que a comerciante entrasse no seu Palio e os levasse até o seu apartamento, em outro bairro. O motorista, no entanto, seguiu no sentido contrário, em direção ao 12º Batalhão de Polícia Militar (12º BPM), no Kayser.
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Perto do quartel, o comerciante avistou dois policiais militares, sendo que um deles empurrava uma motocicleta com pneu furado em direção a uma borracharia. Gritando por socorro, o refém jogou o carro na calçada e chegou a colidir na moto. Os assaltantes foram presos e dois revólveres foram apreendidos. Uma das armas havia sido roubada durante um ataque a banco no município de Muitos Capões, no ano passado. O outro revólver havia sido furtado de um vigilante em Caxias.
Adair estava em liberdade provisória desde 9 de fevereiro de 2012 e possui indiciamento por porte ilegal, além de ser investigados em um homicídio e um furto em residência. Fernando não possui crimes registrado no Estado, mas era procurado pela Justiça de Santa Catarina, onde possui pena de 27 anos e oito meses a cumprir por crimes como homicídios e roubos.
"Decidi quando entramos no carro"
Passado o susto, o comerciante aceitou conversar sobre o caso com a reportagem. Ele admitiu que a reação de dirigir até o batalhão da BM foi instintiva. Confira trechos da conversa.
Como foi a abordagem dos ladrões?
Tudo começou logo após abrir o bazar, por volta das 8h. Fui abrir a porta do banheiro e, quando voltei, encontrei os dois criminosos. Eles falaram que era um assalto e mostraram uma foto minha e da minha esposa, que provavelmente pegaram no Facebook. Falaram que sabiam que guardava um grande valor em dinheiro no meu apartamento. Se eu não entregasse, iriam ir até a casa da minha filha e matar ela.
Era um crime encomendado?
Parece que sim. Eles sabiam praticamente tudo da minha vida. Me mandaram eu dirigir o carro até a minha casa. Foi quando decidi fazer alguma coisa. Subi a Perimetral Oeste pensando em encontrar um carro da polícia e jogar o meu carro para cima, até bater neles, para chamar a atenção. Estava com medo que eles iriam me matar (após o roubo). Próximo ao batalhão (já na Perimetral Sul), avistei os dois policiais com as motocicletas. Dei sinal de luz, joguei o carro para cima e saí gritando socorro, que estava sendo assaltado. O pessoal da Brigada foi muito rápido, só tenho que agradecer eles. Os bandidos desceram do carro, mas já foram abordados e não conseguiram fazer nada.
Os bandidos eram agressivos?
Não, estavam bem tranquilos. Lá dentro da loja, me ameaçaram, que iriam dar um tiro no meu joelho se eu não entregasse todo o dinheiro. Fui conversando e tranquilizando eles. Que dar tiro só iria chamar atenção e que eu estava colaborando. Quando eles mandaram entrar e dirigir o carro, foi a oportunidade que tive.
Como foi a decisão de ir até o batalhão?
Sinceramente não sei. Foi coisa de Deus. Decidi quando entramos no carro. Até então, eles diziam que sabiam de tudo da minha vida. Mas me deram a direção e desconfiei que não sabiam de nada. Eu ia rodar e fazer alguma coisa. Fui amadurecendo aos poucos. Tava decidido a entrar lá dentro do batalhão. Naquela hora, pensava que eles estavam encomendados para me matar.