Suspenso até a próxima sexta-feira, o atendimento médico nas unidades básicas de saúde (UBSs) e no Centro Especializado de Saúde (CES) de Caxias do Sul deve ser suprido com equipes da prefeitura, preparadas para responder à população imediatamente. A garantia é do secretário municipal da Saúde, Darcy Ribeiro Pinto Filho.
Por determinação do sindicato da categoria, os profissionais que atendem pelo SUS cruzam os braços em protesto contra a decisão de bater o cartão-ponto a partir desta quarta-feira. A alegação do presidente da entidade, Marlonei dos Santos, é que a negociação em torno desta obrigatoriedade ainda não foi finalizada, e que o acordo estipulado anteriormente era que somente ao fim das conversas é que se poderia cobrar o uso do ponto.
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A prefeitura, por meio de nota distribuída à imprensa, convidou os médicos concursados para uma reunião na tarde de quarta. O objetivo é apresentar uma proposta de redução de carga horária e de salários, sem comprometer o atendimento à comunidade. O presidente do sindicato, porém, diz que se nega a sentar à mesa com o Sindicato dos Servidores Municipais (Sindiserv), entidade convocada pelo governo:
– Estamos proibindo os médicos de irem. O Sindiserv não tem representatividade alguma, não me reúno com este pessoal. Se o prefeito nos chamar, e a conversa for apenas conosco, chegaremos adiantados.
Na quinta-feira, a categoria tem uma assembleia para debater a contraproposta apresentada pelo Executivo. Os médicos pediram a diminuição da jornada para 12 horas a quem atua 20 e 33 horas semanais, o aumento de salário para alguns servidores e a incorporação da parcela autônoma de R$ 2.056,48 aos vencimentos mensais.
Em contrapartida, garantem o cumprimento da carga com ponto e o atendimento ao maior número possível de pacientes. A prefeitura concorda com a redução da carga horária, desde que os concursados batam cartão, mas retira a parcela autônoma do salário.
– A direção do sindicato tem um consenso (de não aceitar). Porém, se a maioria acatar, vamos em frente. Talvez muitos aceitem, não é uma proposta totalmente descartável. Há pessoas que não podem fazer 4h por dia, e receberiam menos com carga menor. A assembleia definirá isso – afirma Marlonei dos Santos.
O que diz Silvana Pirolli, presidente do Sindiserv
"Eu não vou discutir a posição de outra entidade sindical. O que me cabe é que o sindicato dos servidores representa todos os servidores públicos, independente do cargo que eles ocupam. Nós vamos participar porque há problemas com uma parcela da categoria e nós queremos acompanhar a negociação e discutir junto as alternativas. Se por um lado há questões salariais, por outro há as demandas da população. É preciso construir o diálogo, não se avança quando não se quer conversar"