A cada dez dias, pelo menos um não tem água na região da Capororoca, Parada 28 de Viamão. O relato é do mecânico de refrigeração Ismael Silva Oliveira, 30 anos, que, na semana passada, viveu o ápice de falta d'água onde mora. Na terça-feira, por volta das 13h, Ismael notou que não havia água em casa. Ao ligar para a Corsan, foi informado de que, até as 18h do mesmo dia, a situação seria normalizada. Entretanto, o prazo não foi cumprido – nem o primeiro nem os outros seis prazos dados pela empresa ao morador.
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A situação, que é recorrente principalmente no verão, causou um prejuízo para Ismael. Desempregado, ele tinha uma entrevista de emprego agendada para quinta-feira. Sem ter como tomar banho, não pôde comparecer.
– A Corsan simplesmente deixa uma comunidade inteira sem água, não cumpre os prazos de retorno, as desculpas são sempre as mesmas e ainda prejudica nossa vida. Na quinta, estávamos sem água há quase 50 horas, eu ia me apresentar como na empresa? – indigna-se Ismael.
Manifestação
As justificativas dadas pelas Corsan, de acordo com moradores, foram o rompimento de uma adutora e a falta de energia na subestação de abastecimento do Bairro Santa Isabel. Com os prazos não cumpridos, a comunidade promoveu protestos. A dona de casa Daiane Batista da Silveira, 34 anos, moradora da Parada 28 da Estrada João de Oliveira Remião, no Bairro Lomba do Pinheiro, limite entre Porto Alegre e Viamão, relembra que, na quarta e na quinta-feira passadas, os moradores fecharam a via.
– No primeiro dia, ficamos até a meia-noite em protesto. É um absurdo o que está acontecendo, não tem um fio de água sequer. Falta com frequência, mas nunca foram tantos dias seguidos – queixa-se Daiane.
Os moradores ficaram pelo menos 140 horas sem abastecimento. Até o final da tarde de domingo, a região continuava sem água.
Descrente
A cada ligação para a Corsan, Ismael recebia um novo prazo para o reabastecimento da água na Capororoca. Depois da sétima tentativa em três dias, o morador se diz desacreditado.
– Não acredito mais que os prazos serão cumpridos. O que posso dizer é que estamos desesperados – lamenta ele.
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Corsan põe a culpa na falta de luz
Ao Diário Gaúcho, a Corsan informou que a falta d’água da semana passada em Viamão foi provocada pela falta de energia elétrica. Segundo a assessoria de imprensa, na quarta-feira passada, um poste caiu na Avenida Plácido Mottin, no Bairro Santa Cecília, causando falta de luz e, assim, de água. O problema, segundo a Corsan, foi resolvido no dia seguinte. Na sexta-feira, houve falta de energia na região da Capororoca e, por isso, faltou água novamente.
A Ceee, responsável pelo abastecimento de energia, confirmou que houve a queda de poste na Plácido Mottin "na quarta-feira, um dia depois de ter faltado água, conforme o relato. A estrutura foi substituída no mesmo dia, menos de três horas após a queda de energia." Sobre o novo corte no fornecimento de luz em outra região, na sexta-feira, a Ceee respondeu que, "para confirmar de fato o que ocorreu, prescinde dos endereços envolvidos para analisar em detalhes a situação". No entanto, a Corsan não forneceu esses endereços.
A companhia assegura que "aumentou em 25% o volume de água disponibilizado para as duas cidades, a partir de uma ação feita em conjunto com a Ceee."