Tristeza e desolação na Aldeia Condá, em Chapecó, onde por volta do meio-dia deste sábado foi sepultado o corpo de Nomam da Rosa, 9 anos, que morreu atropelado na tarde de sexta-feira. O menino acompanhava os pais que vendiam artesanato no Centro de Chapecó, quando foi atingido por um carro e projetado adiante. Bateu em um ônibus e morreu sobre o asfalto. Além da tristeza, há um crime de indignação por comentários em redes sociais demonstrando racismo.
Nomam pertence a etnia Kaingang e deixa os pais e dois irmãos, uma menina de 11 e um menino de três anos. A morte da criança fez a comunidade relembrar de um triste episódio ocorrido há pouco mais de um ano: em dezembro de 2015, o menino Vitor Rosa, dois anos, foi assassinado no colo da mãe, em Imbituba, no sul do Estado. Vitor foi degolado por um rapaz de 23 anos. O júri popular está marcado para 14 de março, na Câmara de Vereadores. Assim como Nomam, o corpo também foi velado e enterrado na aldeia.
Além da dor pela perda, as famílias convivem com o sentimento de indignação: houve comentários discriminatórios em um post informativo sobre o acidente na rede social de um portal de notícias da cidade. Foram feitas cópias e as provas farão parte de uma representação que as lideranças indígenas de Chapecó vão fazer no Ministério Público Federal. Na segunda-feira à tarde eles ingressarão com a representação.
Como estava em férias escolares, o menino que raramente deixava a aldeia aproveitou para ir com o pai e a irmã mais velha ao Centro de Chapecó fazer compras. Os irmãos tinham ido comprar um lanche e, quando voltavam para reencontrar o pai, Nomam foi atropelado. Durante o velório, o pãozinho que o menino carregava na mão foi colocado sobre o caixão. Como uma forma simbólica de busca pela sobrevivência, o lanche foi enterrado junto com o corpo.